O preço da carne suína está em alta e vai refletir nas compras do consumidor para as festas do fim de ano. O motivo, segundo um frigorífico em Dracena, especializado no abate de suínos é o aumento nas exportações da carne, que reduziu a oferta do produto no mercado interno.
“O preço do suíno para abate está muito alto e não conseguimos repassar os reajustes ao mercado (açougues e supermercados)”, informa o controlador de finanças do Frigorífico Trevisan, Willian Eduardo Lima.
Ele compara os preços dos suínos vivos, adquiridos pelo frigorífico no final de 2012, com os dias atuais. “Em dezembro de 2012, o quilo (in natura) era de R$ 2,15 a R$ 2,20 e agora está custando R$ 3,10, um aumento de mais de 30%”, informa.
Além dos preços altos, Lima informa que não está fácil encontrar porcos para o abate. “Estamos buscando no estado do Paraná”, salienta. Os custos elevam mais ainda com as despesas de transporte pagas pelo frigorífico.
Lima esclarece que os grandes frigoríficos estão voltados para o mercado externo, onde a demanda do produto é alta e além de receberem mais pelas vendas, têm incentivos fiscais. “Com isso há falta de suínos para comprar e é possível repassar os valores aos supermercados e atacadistas”, pondera o controlador de finanças.
Lima aponta outros exemplos. O preço do quilo do pernil que em novembro do ano passado tinha como preço de custo R$ 4,50 e hoje está R$ 7,90. “Esse é o preço que sai do frigorífico e vai para o mercado”, explica.
A média de abate diário caiu de 200 para 120 porcos ao dia. Para enfrentar as dificuldades e a concorrência, Lima explica que a margem de lucro está reduzida ou até mesmo negativa. Por outro lado, os encargos das empresas estão subindo. “Na alta de 30% de energia elétrica, houve um acréscimo de R$ 6 mil na última conta”, explica.
A situação, de acordo com o controlador vem ocorrendo há cerca de três meses. “A exportação da carne suína aumentou 16% em um mês”, constata Lima, enfatizando que a esperança é que o consumo da carne suína aumente nesse final do ano, como normalmente ocorre.
SUPERMERCADO – Em um supermercado consultado pela reportagem em Dracena, a informação é que a carne suína para o consumidor está mesmo mais cara. O quilo do pernil que custava R$ 9,90, hoje é R$ 10,90; o quilo da costela passou de R$ 13 para R$ 17,50, a paleta subiu de R$ 9,90 para R$ 10,90 e o lombo, de R$ 12 para R$ 14,99.
EXPORTAÇÕES – O aumento das exportações da carne suína está confirmado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. Segundo o órgão, o mais recente mercado conquistado é o da África do Sul. Após quase 10 anos de negociações, aquele país concedeu há poucos dias, a habilitação para que o Brasil volte a exportar carne suína in natura ao país.
As exportações para a África do Sul foram suspensas em 2005 após focos de febre aftosa no Brasil. “Essa habilitação garante que possamos exportar carne suína que será posteriormente processada lá, nos garantindo uma nova opção de mercado no setor”, afirma o secretário de Relações Internacionais, Marcelo Junqueira.