O governo ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas, pelo cronograma do Ministério da Fazenda, o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) cobrado sobre os carros deve subir em 1º de janeiro.
O imposto que incide sobre veículos populares (1.0) deve passar dos atuais 3% para 7%; no caso dos demais carros, a alta deverá ser de 9% para 11% (modelos flex) e de 9% para 13% (movidos a gasolina).
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) fez uma projeção para os carros populares e estima que os preços devem subir cerca de 4,5%.
Um carro 1.0 que hoje sai a R$ 30 mil passaria a custar, no começo de 2015, R$ 31.350. Antes de se decidir pela compra, porém, é preciso considerar outros aspectos além do preço, alertam especialistas.
PROMOÇÕES DE COMEÇO DE ANO – Janeiro é um mês geralmente ruim para as vendas de veículos porque o consumidor, comprometido com muitas contas nesse período (impostos, gastos com escola etc.) tende a adiar outros gastos.
Diante dessa realidade e das vendas em queda, existe a possibilidade de as montadoras não repassarem a alta do IPI para o preço do carro num primeiro momento, diz Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Deixar para comprar no começo do ano, assim, pode não fazer grande diferença no fim das contas.
INCERTEZAS NA ECONOMIA – É preciso analisar bem a própria situação financeira antes de comprar um carro novo. Isso significa verificar se a família está preparada para manter a dívida em situações de perda de renda, por exemplo.
“Antes de tomar uma decisão de compra dessa magnitude e assumir uma dívida a perder de vista, é preciso considerar que o cenário econômico passa por um momento difícil, e o desemprego pode aumentar”, diz Miguel de Oliveira, da Anefac.
GASTOS EXTRAS – Os especialistas alertam também que é preciso considerar os gastos extras. Isso vale principalmente para quem vai comprar o primeiro carro e não está acostumado a considerar esses custos no orçamento, alerta Ricardo Humberto Rocha, professor de finanças do Insper.
Segundo o educador financeiro Reinaldo Domingos, manutenção, combustível, seguro, estacionamento e outros gastos representam, mensalmente, cerca de 2% do preço do veículo.
Num carro de R$ 30 mil, por exemplo, isso significaria cerca de R$ 600 por mês. Quem vai financiar a compra precisaria considerar, além desse valor, a parcela da dívida.
PAGAMENTO À VISTA OU PARCELADO – Se a decisão da compra já foi tomada, a melhor opção, dizem os especialistas, é fazer isso agora e aproveitar o desconto do IPI.
Se a compra for à vista, melhor, porque o consumidor evita se comprometer com uma dívida longa. Se a única opção for o financiamento, comprar agora evitará que ele tenha de arcar com juros mais altos em 2015.
Miguel de Oliveira, da Anefac, diz que os juros médios do financiamento de veículos são, atualmente, de 1,82% ao mês. A tendência, afirma o economista, é que essa taxa suba diante da alta da Selic (atualmente em 11,75% ao ano).