O ano de 2014 foi um período de reconhecimento e homenagens para a dracenense Daniela Ushizima. Daniela é pesquisadora nos Estados Unidos desde 2007 e em abril deste ano juntamente com as professoras Andrea Bianchi e Cláudia Carneiro, foi campeã de um desafio de programação (área da informática) voltado à segmentação de células em imagens de citologia do colo do útero, durante simpósio, em Pequim, na China.
O projeto de Ushizima tem como objetivo a construção de ferramentas computacionais semi-automáticas de análise e quantificação de imagens de microscopia celular para auxiliar o citologista na análise e no diagnóstico de células cervicais coletadas pelo exame Papanicolau.
O método premiado inclui algoritmos de reconhecimento de padrões desenvolvidos pelo Centro de Matemática Aplicada para Aplicações em Energia (CAMERA) para caracterização de novos materiais. O método, que foi considerado o mais rápido e preciso, foi destaque na Casa Branca, em Washington D.C., nos Estados Unidos, em 16 de setembro deste ano, quando o secretário de Energia, Ernest Moniz prestigiou o Dia do Laboratório Nacional. “Nosso trabalho é o resultado de dois anos de colaboração com físicos e citologistas no Brasil e Estados Unidos, em algoritmos com ampla aplicação no reconhecimento de padrões”, disse Ushizima.
“Minha ex-pós-doutoranda no laboratório de Berkeley, que foi paga pelo governo brasileiro para aprender técnicas de segmentação, agora aplica o que aprendeu a imagens digitais de Papanicolau, em colaboração com o sistema de saúde público (SUS) brasileiro, voltado para a comunidade de mulheres que dependem de saúde pública de qualidade”, explicou Ushizima se referindo a também brasileira Andrea Bianchi.
A ferramenta pode analisar uma enorme quantidade de lâminas, dia e noite, e servir como uma pré-triagem para o patologista. O computador pode aumentar a quantidade de amostras que um citologista pode lidar em um dia, ajudando a melhorar a qualidade dos testes, a precisão dos resultados e diminuindo o tempo de espera para resultados.
O Papanicolau típico contém um número entre 50 mil a 300 mil células e em alguns casos, um pequeno número de células anormais pode estar escondido entre elas. Diferentes formas celulares, células que se sobrepõem um contraste fraco do citoplasma, e a presença de sangue, células inflamatórias e muco, podem complicar ainda mais a análise e levar a falsos negativos. Os citologistas fazem parte do “circuito”, assim aumentando a capacidade deles de inspeção uma vez que o trabalho desses especialistas é de valor inestimável para o diagnóstico final.
A pesquisadora ainda informou que a ferramenta não vai curar o câncer, porque não há qualquer software a vender para a indústria. “O que temos é um ponto de partida para automatizar o processo de identificação de células para separar os núcleos e citoplasma das mesmas, e em breve vamos classificar as células de acordo com a sua aparência. A vitória é especialmente emocionante porque nos diz que estamos no caminho certo”, contou Ushizima, que também é membro do CAMERA.
Com os resultados das pesquisas das professoras e a ferramenta que elas estão desenvolvendo, os laboratórios da UFOP poderão se tornar referência nacional e internacional na análise de exames de Papanicolau.
Ushizima é filha de Antonio Ushizima, geólogo da Jura Poços Artesianos e Maria de Lourdes Ushizima, agente administrativo do INSS e irmã de Thiago, Thales e Larissa Ushizima aos quais é extremamente grata por todo o apoio e inspiração em trabalhar mediante desafios.
Em Dracena, Ushizima estudou nas escolas Engenheiro Isac Pereira Garcez e Anglo-CID, e em seguida, graduou-se no curso de Ciência da Computação pela Universidade Federal de São Carlos.
Atualmente, a dracenense é pesquisadora/cientista e vice-líder do Grupo de Análise e Visualização no Lawrence Berkeley National Laboratory, e cientista de dados na Universidade da Califórnia, ambos em Berkeley, Califórnia.
Nas horas vagas, Daniela costuma se dedicar ao trabalho voluntário como instrutora de computação e robótica para meninas de 5 a 17 anos, ou hacker-programadora para trabalhos de impacto social. (Com informações do site Berkeley Lab).