Estamos vivendo uma época interessante em que as pessoas levam a vida baseada nas notícias veiculadas pela mídia. Por mais simples que seja o indivíduo, ele escuta as notícias pelo rádio ou pela televisão, além daqueles mais sofisticados que leem jornais ou consultam o celular a cada minuto. Isso, que deveria ser motivo para maior tranquilidade, mostrou ter o maior peso no conjunto de angústias das pessoas.
Como o interesse maior de grande parte da mídia é vender a notícia e notando que as desgraças chamam mais a atenção do que os assuntos agradáveis, vê-se um desfilar imenso de coisas ruins que deixa a todos atormentados. São acidentes, roubos, assassinatos, miséria, enfim, tudo que pode afligir alguém é motivo de publicação.
Quando a coisa se resolve de modo favorável, já não é mais motivo para se noticiar. Quando houve um período de seca severa no nordeste, a mídia não se cansava de mostrar a terra esturricada, o gado morto, as pessoas com as feições sofridas. Isso era notícia. Porém, quando a região se mostrou pujante pelas novas técnicas utilizadas, com pomares verdejantes e o povo feliz, aí a mídia não se interessou mais em divulgar.
Há um ditado que diz que “não há desgraça que não possa ter um bom proveito”. Quando surge uma dificuldade, há sempre a possibilidade de se criar uma situação proveitosa. Por exemplo, a seca que se abateu sobre o Estado de São Paulo. A falta de água nas torneiras da capital e adjacências, deveria ser a oportunidade para os paulistanos compreenderem e se solidarizarem com as outra regiões que sofrem ou sofreram com a falta de água. Alguns foram cruéis quando pichavam os muros com frases como: “faça uma boa ação, mate um nordestino afogado”. Essa e outras “pérolas” eles agora estão colhendo.
O que se pode ter como positivo com a seca paulista? A oportunidade de limpar o leito dos rios, agora a descoberto. Havia todo tipo de lixo ali jogado. De móveis a automóveis. A sujeira dos leitos secos foi noticiada, mas se foram limpos quando estavam ali expostos, ninguém mostrou. Quando um bandido assalta ou mata alguém, é notícia. Mas não se mostra o dia a dia de um bandido nas prisões terríveis que existem em várias partes do país. Será que a visão desses infernos não desestimularia os mal intencionados?
Quando alguém pratica um delito, é notícia. Quando ele é julgado e condenado não é mais notícia. Aí é que deveria ser mostrado o resultado da ação criminosa para desestimular aqueles que têm ideias de enriquecimento rápido a qualquer custo.
Com exceção dos presos pelo “mensalão”, porque estão na mira da mídia paulista, não se vê no noticiário o acompanhamento das penalidades impostas aos infratores. Noticia-se a infração, mas não as penalidades, o que seria bastante educativo e desestimulante aos adeptos dessas ações.
Quando a mídia mostra assaltos a caixas eletrônicos, dizendo quanto foi roubado, não é, por acaso, um incentivo para quem quer dinheiro fácil e não tem escrúpulos? Por que, ao invés de dizer a quantia roubada, que é estimulante, não mostram o que acontece com assaltantes que apodrecem nas prisões. Não seria mais educativo?
As pessoas vivem amedrontadas, motivadas mais pelo noticiário escandaloso do que pelos acontecimentos reais e esse tipo de divulgação leva a inquietação às pessoas de bem e estímulo aos de más tendências.
Até quarta-feira
(therezapitta@uol.com.br)
– Dracena-