Às vezes instalam-se costumes que por mais que se procure justificar não se consegue. È necessário que venha alguém do meio para dar o esclarecimento que convence. O costume de muitos médicos de pedir tantos exames aos pacientes sempre foi algo muito intrigante. Mas, a explicação veio através de um programa da TV.
O canal Globo News, às quintas-feiras, tem um programa de entrevistas bastante interessante: “Diálogos com Mario Sérgio Conti” que, na quinta feira passada (dia 8), entrevistou o médico Dráuzio Varella. O assunto girou sobre os três pilares da saúde: os planos de saúde, os médicos e os pacientes.
Segundo Dráuzio Varella, os três estão descontentes: os planos dizem que gastam muito; os médicos, que ganham pouco e os pacientes, que não são bem atendidos. Os planos de saúde foram criados quando a inflação estava em 60 a 80% ao mês. Eles recebiam os pagamentos mensais e só pagavam aos médicos e hospitais entre 90 e 120 dias e, devido à inflação, lucravam aplicando o dinheiro ganho. Hoje, com inflação controlada, não há ganhos com aplicações, além de que com as novas tecnologias os exames ficaram muito caros e agora o lucro dos planos gira em torno de 2 a 3%, o que para eles é inviável.
Ainda de acordo com o médico entrevistado, os médicos por acharem que recebem pouco por consulta, resolveram, para aumentar os ganhos, fazer um número maior de consultas por hora. Para isso diminuíram o tempo de atendimento aos pacientes para poderem atender mais gente e multiplicar seus rendimentos.
Segundo Varella, uma boa consulta pode durar até uma hora ou mais, mas para compensar financeiramente o que recebem hoje por consulta é preciso, no mínimo, 5 consultas por hora. Assim, criou-se um artifício para o paciente ir embora logo e dar lugar a outro. Logo que ele entra no consultório e diz onde sente a dor ou desconforto, o médico já faz um pedido de exame e o dispensa. Dessa forma a rotatividade é grande. E o mais grave é que se criou em uma grande parcela da população a ideia de que tantos exames são realmente úteis e necessários, o que não é realidade, segundo Varella.
Por sua vez, a população não se sente bem atendida, somente começando qualquer tratamento quando os tais exames ficam prontos, o que às vezes demora dias ou semanas. Como sempre, a corda arrebenta do lado mais fraco e nessa busca pelo dinheiro ou pela saúde é o doente quem sofre, já que as consultas se resumem em entrar no consultório e em dez ou doze minutos sair de lá com o pedido de um ou mais exames.
Isso quando se fala em plano de saúde porque quando a consulta é pelo SUS, muitos médicos retiram da sala a cadeira que seria do paciente para que ele demore menos ainda. Se ele estiver com dores, com tontura ou com as pernas fracas, o problema é só dele. Afinal, o consultório particular o espera.
Segundo o entrevistado da noite, há a necessidade urgente de que representantes das três partes se reúnam e cheguem a um acordo que contemple a todos. A técnica de que para um ganhar, o outro tem que perder tem que acabar de qualquer jeito. Da forma como está é que não pode continuar.
A entrevista é muito esclarecedora e pode ser vista também na internet a qualquer hora. Há outras explicações que respondem às indagações que muito se tem feito e esclarece inúmeras situações. Que reine o bom-senso para que o dinheiro não se sobreponha à saúde.
Até quarta-feira

therezapitta@uol.com.br
– Dracena-