Os blocos afros e afoxés no Rio de Janeiro poderão contar com edital específico para o carnaval de 2016. A informação é da secretária Estadual de Cultura, Eva Doris Rosental, que se reuniu com os grupos esta semana, junto com o governador Luiz Fernando Pezão. A Liga Afro do Rio, com 32 filiados, reclama da falta de recursos e cobra também um circuito específico.

“A Secretaria de Cultura se compromete, no próximo edital de carnaval, fazer um sub-edital, só para esses blocos”, afirmou Eva. Para ajudar os grupos, ela também disse que, seis meses antes de lançar a concorrência, colocará técnicos para ajudar os blocos com a documentação. “Ou seja, para que consigam se inscrever no edital em condições de igualdade”, completou.

Em 2015, somente três blocos afros e afoxés conseguiram ser aprovados no edital da secretaria que distribuiu R$ 1 milhão para cerca de 200 organizações.

Com recursos próprios ou dinheiro do governo, o presidente da Federação dos Blocos Afros e Afoxés do Rio de Janeiro (Febarj) – organização que antecede a Liga Afro do Rio – Paulo César Xavier, dsse que somente 12 dos 32 grupos conseguirão sair em cortejo este ano. Ele concorda que a burocracia dos editais e a competição com os blocos maiores dificulta o acesso ao dinheiro.

“Recebemos um valor ínfimo. Cada bloco não recebe nem R$ 1 mil para desfilar. Daí mobilizamos, vendemos cerveja aqui e ali, sabendo das dificuldades”, completou ele, que coordena o carnaval do bloco afro Òrúnmilá, apadrinhado pelo bloco afro soteropolitano Ilê Aiyê. “Há 20 anos a gente vem lutando para poder desfilar”, frisou César Xavier.

Celso Athayde, um dos fundadores da liga, criada este ano, em parceria com a Febarj e Central Única Favelas, acrescenta que, além dos recursos do carnaval, é preciso fazer um resgate e valorização dos grupos, como patrimônio cultural. A secretária de Cultura disse que conversará sobre o assunto com o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural.

A Liga Afro, que será lançada oficialmente em 23 de janeiro, trata do carnaval e Febarj atua na integração dos blocos, que desenvolvem oficinas de percussão para crianças, de instrumentos musicais e cultura negra. “Estamos pensando no desenvolvimento dos blocos durante todo ano e este apoio também é um dos pleitos ”, disse César Athayde.