Para marcar o meio século de sua trajetória, a Globo pretende reeditar algumas obras que marcaram a história da televisão brasileira. Numa iniciativa inovadora, o “Luz, Câmera 50 Anos” estreará na terça-feira, dia 6, e pretende exibir 12 telefilmes extraídos de séries, minisséries e seriados da televisão brasileira, tais como “O Pagador de Promessas”, de 1988, “As Noivas de Copacabana”, de 1992 e “O Canto da Sereia”, de 2013. Tudo para brindar o público com grandes sucessos da teledramaturgia nacional. O festival vai ao ar de terça a sexta-feira, após a novela “Império”, e após o “BBB 15” em sua terceira semana.
“A nossa ideia era abrir o ano com um grande projeto. Essa foi uma maneira de relembrar o que já fizemos de uma forma inédita. Estamos comemorando os 50 anos da Globo com uma releitura das nossas obras mais emblemáticas, dando a elas um formato totalmente novo”, conta Guel Arraes, diretor da Dramaturgia Semanal da Globo.
O Departamento de Entretenimento é por onde as séries são criadas, desenvolvidas e produzidas. Já a o Departamento de Programação tem uma experiência de 50 anos na edição de filmes. A união dessas duas áreas resultou em um criativo painel das produções da Globo nas últimas décadas. A seleção de imagens, edição e ajustes para a realização dos filmes durou cerca de nove meses. Como as séries têm entre 4 a 20 capítulos, o trabalho desenvolvido pela equipe de edição priorizou a manutenção da trama central para que fosse ressaltada em filmes com duração de 80 a 130 minutos.
“O Canto da Sereia” será a obra de estreia no dia 6 de janeiro. Baseada no romance de Nelson Motta, a história mostra os bastidores da vida da personagem Sereia (Ísis Valverde), uma grande estrela da música pop, assassinada no alto de um trio elétrico, durante a sua apresentação na terça-feira de Carnaval, em Salvador.
A seleção dos 12 telefilmes contempla obras da década de 80 até os dias de hoje. De 1982, foi escolhida a primeira minissérie da Globo. “Lampião e Maria Bonita” representou, na época, a renovação da linguagem da teledramaturgia brasileira. É um drama histórico que se passa no sertão nordestino e conta a vida de Lampião (Nelson Xavier), o rei do cangaço, e sua mulher, Maria Bonita (Tânia Alves).
Em 1986, Gilberto Braga escreveu sua primeira minissérie, convidando Malu Mader e Felipe Camargo para serem os protagonistas de “Anos Dourados”. A obra retrata a rigidez das regras de conduta na formação dos jovens e discute temas como repressão sexual, aborto e masturbação.
Já a minissérie “O Pagador de Promessas”, premiada no Festival de TV de Cannes em 1988, trata de temas polêmicos, como religião e política. O autor Dias Gomes adaptou a obra dos palcos para o cinema até chegar à televisão e contou com a diretora de cinema Tizuca Yamazaki. O trabalho foi marcante para José Mayer, que considera a sua melhor atuação na TV.
O suspense “As Noivas de Copacabana”, grande sucesso de 1992, foi ambientado no Rio de Janeiro e teve Miguel Falabella no papel principal do serial killer Donato Menezes, um homem obcecado por mulheres vestidas de noiva.
Em 2001, a Globo exibiu “Presença de Anita”. Mel Lisboa foi selecionada como protagonista entre 100 jovens atrizes. Inspirada no romance de Mario Donato, a série apresenta uma história de obsessão, sedução e morte.
O público vai se divertir com a comédia “Ó Paí Ó”, que mostra as confusões criadas por moradores que vivem em um cortiço no Pelourinho, em Salvador. O protagonista Roque foi interpretado por Lázaro Ramos na adaptação do filme de Monique Gardenberg, em 2008, para série.
Entre as melhores obras de 2009, a primeira temporada de “Força-Tarefa” foi uma das selecionadas. O seriado investigativo, que tem Murilo Benício e Milton Gonçalves como personagens principais, desvenda o desaparecimento da esposa do Capitão Wilson da corregedoria da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Por meio de uma abordagem realista, “Maysa – quando fala o coração” retrata três décadas da vida de um dos grandes mitos da música popular brasileira.
“Dalva & Herivelto – uma canção de amor” é uma turbulenta história de amor entre dois grandes representantes da época de ouro do rádio no Brasil. Dirigida por Dennis Carvalho, a minissérie recebeu elogios pela impecável reconstituição de cenários e figurinos, inclusive dos números musicais.
Em 2012, foi ao ar “Dercy de Verdade”. A minissérie foi escrita por Maria Adelaide Amaral, com a colaboração de Leticia Mey, baseada no livro “Dercy de Cabo a Rabo”, de autoria própria, com direção de Jorge Fernando. A obra mostra, de forma resumida, toda a história de vida da comediante Dercy Gonçalves.
A mais atual, exibida em 2014, foi a série policial “A Teia”, inspirada na rotina de ações criminais de Marco Aurélio Baroni, que tenta escapar das investigações do delegado Jorge Macedo, conhecido por seus métodos nada convencionais. A série teve autoria de Carolina Kotscho e Bráulio Mantovani e direção de Rogério Gomes e Pedro Vasconcelos.
Há quem diga que esta espécie de “sessão nostalgia” preparada pela emissora dos Marinho tem chances de fazer sucesso na primeira e segunda semanas de 2015, quando será exibida logo depois da novela “Império”, no entanto na terceira semana passará a ser mostrada depois do “Big Brother 15” e aí pode ser que o telespectador não tenha paciência para conferir a mesmice do reality, mude de canal e “Luz, Câmera 50 Anos” fique em segundo plano. É esperar para ver.