O mês de dezembro foi o terceiro melhor da história em vendas de carros no Brasil, mas os números preliminares apurados pela Folha mostram que a indústria automotiva nacional tem poucos motivos para celebrar os resultados de 2014.
No acumulado do ano, a queda nos emplacamentos de carros de passeio e comerciais leves foi de 7,4%, a maior queda percentual desde 2002. Foi o segundo ano consecutivo de retração no setor –houve queda de 4% em 2013.
Foram licenciados 3,33 milhões de automóveis no ano passado, conta que não inclui ônibus e caminhões. O aperto no crédito, resultado do mau momento da economia brasileira –que também afetou a disposição do consumidor de se endividar– explica em grande parte a queda nas vendas. A Copa do Mundo também afetou o resultado do setor, segundo as montadoras.
VOLTA DO IMPOSTO – O aumento de 5,3% nos emplacamentos de veículos em dezembro –último mês com redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados– em relação a igual período de 2013 foi suficiente apenas para amenizar o mau resultado do ano.
“Sem dúvida, a divulgação do fim da desoneração parcial do IPI, que deverá aumentar a aplicação do imposto em 4% sobre o custo do automóvel, provocou o maior movimento nas revendas de veículos”, afirma Rafael Campos, diretor-executivo do Banco Nacional de Veículos, empresa que atua na gestão de compra e venda de veículos novos e seminovos.
Para carros populares, a alíquota do imposto passa de 3% para 7%, que é o seu valor original. Para os demais, a alíquota sobe de 9% para 11%, no caso dos carros flex, e de 9% para 13% para os modelos movidos à gasolina.
ESTOQUES – Porém, ainda há grandes volumes de carros em estoque, o que deve prorrogar as campanhas de imposto reduzido até, pelo menos, o fim do primeiro trimestre de 2015. De acordo com a Anfavea (associação das fabricantes), o número de veículos parados nos pátios em novembro era suficiente para atender a demanda por 42 dias.
Apesar do aumento na tributação, as montadoras esperam que haja uma pequena reação do mercado neste ano, devido à facilitação na concessão de crédito. As financeiras já começam a oferecer maior flexibilidade na aprovação das fichas de clientes, motivadas pela norma que facilita a retomada do bem em caso de inadimplência. Entre outubro e novembro de 2014, o volume de financiamentos cresceu 13,9%.
Os números de produção serão divulgados na quinta-feira pela associação das montadoras, mas a queda até novembro é de 15,5% ante o mesmo período de 2013. O principal motivo da queda é a redução das compras de carros brasileiros por parte da Argentina.
Contudo, com a alta do dólar, que torna o produto nacional mais competitivo, há a expectativa de que as vendas para o exterior cresçam ao longo de 2015