Dúvidas permeiam as cabeças de muitas mães de primeira viagem ao longo dos nove meses de gestação. Entender o que pode comprometer o desenvolvimento do feto e prejudicar a própria gestante, que apresenta mais sensibilidade durante esse período, é um desafio. Para dificultar ainda mais, diversos mitos sobre produtos e tratamentos colocam em dúvida o que pode ou não ser utilizado na gestação.
A dra. Rosiane Mattar, membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) e professora do Departamento de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina explica quais as principais recomendações médicas e como agir com as novas mudanças que ocorrem no corpo da gestante.
Antigamente, realizar as tarefas do dia-a-dia era uma prática evitada para as gestantes, recomendada pelos próprios familiares. Mas uma gravidez saudável pode ser levada adiante cumprindo todas as tarefas diárias, desde que não haja nenhum excesso. No entanto, alguns hábitos, como dirigir, devem ser feitos com mais cautela, considerando as mudanças no corpo da futura mãe, que levam a diminuição do reflexo.
ESPORTES – O exercício é recomendado em todas as fases da vida, respeitando sempre os limites do corpo. No período da gravidez, a mulher fica mais exposta a traumas, por causa da alteração no peso e no equilíbrio. Devido a isso, os esportes devem ser executados com moderação, de intensidade leve ou média, e que não ofereçam risco de queda. Boas alternativas são a ioga e a caminhada.
VIAJAR – De carro, ônibus ou avião, viajar é sempre muito cansativo, o corpo fica muito tempo na mesma posição e a ansiedade também pode atrapalhar. Na gravidez, os problemas podem se acentuar, ocasionando em inchaços e até mesmo em trombose, durante ou logo após o fim da viagem. Mas com os cuidados certos, é possível enfrentar uma viagem até 32ª semana de gestação. Depois disso, é melhor aguardar o nascimento do bebê. Para as mamães que estão pensando em tirar férias, paradas a cada hora para esticar as pernas ajudam na circulação e a ingestão de líquidos também colabora para a diminuição dos enjoos. Além disso, é importante uma consulta ao médico para confirmar que não há restrições para a viagem.
ALIMENTAÇÃO – Toda gestante, idealmente, deveria ser acompanhada por um nutricionista para adequar suas necessidades nutricionais ao período gestacional. Além de tomar cuidados com a procedência e higienização dos alimentos, algumas medidas, em pacientes suscetíveis, como evitar carnes cruas, podem colaborar para evitar a contaminação por bactérias e parasitas, como a toxoplasmose. A doença transmitida pelos gatos, também pode ser transportada por verduras mal lavadas e carnes infectadas. Algumas pessoas são consideradas mais suscetíveis ao contágio e devem ter cuidado redobrado.
SAÚDE BUCAL – Na gestação algumas mudanças na dieta, diminuindo os espaços entre uma refeição e outra, e o aparecimento da gengivite fisiológica, que proporciona um aumento da gengiva, podem acarretar em placas causadoras de cáries, principalmente em mulheres que utilizam aparelhos ortodônticos. Os aparelhos podem ser utilizados normalmente durante o período gestacional, mas como dificultam a limpeza requerem maior atenção na escovação e no uso do fio dental. A higiene bucal deve ser realizada diariamente para evitar futuros problemas.
ÁLCOOL – A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) pode levar à malformação causada pela ingestão de álcool no período da gravidez. “Não podemos recomendar nenhuma quantidade como sendo segura, pois não existem pesquisas que comprovem a reação inócua do álcool para o desenvolvimento do bebê”, afirma a dra. Rosiane.
CIGARRO – Para as mulheres fumantes, deve ser mantida restrição TOTAL. É importante lembrar que os adesivos de nicotina, constantemente utilizados na tentativa de abandonar o tabagismo, também contém a nicotina, ainda que em menor quantidade, sendo prejudicial ao bebê.
BELEZA – As primeiras 12 semanas são delicadas para a formação do feto, e por isso devem-se evitar procedimentos como tingimento do cabelo. Devido a maior sensibilidade da pele, alguns outros produtos e tratamentos podem incomodar e causar alergias, como cremes e clareamentos. As escovas progressivas também estão riscadas da lista, pois nem todos os componentes de sua fórmula são conhecidos ou têm sua segurança atestada na gestação. Em caso de dúvida, a avaliação deve ser feita sempre por um médico, apoiada na classificação de risco da agência americana Food and Drug Administration (FDA).