A estudante N.S.S., de 17 anos, está com as duas pernas enfaixadas devido as queimaduras que sofreu na noite dessa segunda-feira, 2, durante os trotes aplicados aos calouros da FAI (Faculdades Adamantinenses Integradas).
Ingressante no curso de Pedagogia, a vítima reside em Flórida Paulista e estava com um grupo de amigas no momento da ação. Ela conta que logo que desceu do ônibus os veteranos a “rabiscou” assim como os demais calouros, como forma de identificá-los depois. “Fomos até a conveniência e quando saímos de lá, um grupo de meninos se aproximou e jogou um líquido na gente”, explica. Segundo ela, o líquido, que era marrom, atingiu suas pernas e respingou em uma amiga. “Não deu pra ver quem eram os meninos. Foi tudo muito rápido”, lamenta.
O líquido causou forte reação na jovem, como inchaço e ardência e ela precisou ser levada por amigos ao Pronto Socorro (PS), onde foi feito os curativos. Ela foi medicada e em seguida liberada.
Com dificuldade para andar, a jovem diz sentir muita dor nas pernas, além de falta de apetite que ela acredita ser por conta dos remédios que precisa tomar.
Traumatizada, a vítima diz sentir insegurança e não quer mais voltar à faculdade. “Tenho medo que aconteça de novo”. A tia, Sueli Dias disse estar aconselhando ela a não pensar dessa forma.
A reportagem do JR conversou também com a mãe da jovem, Rosangela Souza Santos, que está indignada com o que ocorreu com a filha. “O que nós queremos agora é que de alguma forma seja localizado o culpado. Poderia ter sido pior, imagina se esse líquido caísse nos olhos dela”, disse Rosangela.
Os familiares acreditam que se trata de produto utilizado em animais. Segundo eles, o médico informou que as queimaduras poderão deixar cicatrizes.
Está previsto para ocorrer na manhã de hoje, 4, que a vítima passe por exame de corpo delito, onde será constatado a gravidade do incidente.
Segundo a delegada Patrícia Vasques, titular da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), o caso foi registrado como lesão corporal e será investigado com apoio da DIG (Delegacia de Investigações Gerais). “As investigações estão no início. Vamos aguardar o resultado do laudo médico para apurar a gravidade do ocorrido e investigar a autoria”, explicou.
Em nota, a FAI diz lamentar o episódio ocorrido fora das dependências da instituição. “É importante lembrar que a FAI repudia toda e qualquer forma de violência e desestimula ações desta natureza”, informou.
Conforme o texto, para o início do semestre, a instituição reforçou a segurança interna em seus câmpus com a contratação de equipes especializadas para coibir trotes violentos ou vexatórios. A assessoria de imprensa informou ainda que a FAI possui 11 vigias em seu quadro de funcionários. Porém, no início de cada semestre uma equipe especializada de até 25 seguranças é contratada por tempo indeterminado.
“Como o incidente se deu em vias públicas, a FAI se coloca à disposição das autoridades policiais a fim de que este caso seja esclarecido o mais rápido possível e seus autores sejam devidamente responsabilizados de acordo com a legislação vigente. Caso seja constatado que os responsáveis pelo ato violento são alunos veteranos, a FAI tomará as medidas administrativas cabíveis, de acordo com o seu regimento interno, que podem culminar na expulsão desses indivíduos de seu quadro de discentes”, finalizou.