O PT vai apresentar um pedido na próxima quinta-feira para ampliar a investigação da CPI da Petrobras na Câmara até 1997, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A mobilização do partido da presidente Dilma Rousseff se baseia no depoimento do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que disse ter começado a receber propina de uma empresa naquele ano.

O trecho da delação premiada de Barusco foi citado pela própria presidente da República na última sexta-feira. Em entrevista a jornalistas, a petista disse que a corrupção na estatal deveria ter sido investigada em 1997. O ex-presidente tucano reagiu e disse, em nota, que o argumento segue a lógica de um batedor de carteira que grita “pega ladrão”.

De iniciativa da oposição, a CPI da Petrobras prevê a investigação de denúncias envolvendo a Petrobras entre 2005 e 2015. O PT preparou um pedido de aditamento para ampliar o escopo até 1997. Se o requerimento for rejeitado, a ideia é convocar Pedro Barusco para reproduzir seu depoimento da delação premiada para forçar a ampliação da investigação. Para técnicos da Câmara, a segunda opção é mais viável, já que deputados assinaram a criação de uma CPI tomando como base outro período de investigação.

Para o líder do PT, Sibá Machado (AC), houve omissão por parte dos investigadores depois que Barusco cita o recebimento de propina entre 1997 e 1998 da empresa holandesa SBM Offshore, que alugava plataformas para a Petrobras. “Ele conta uma historinha porque quis e o delegado não pergunta mais nada”, disse.

O PT, que quer a relatoria da CPI, planeja colocar parlamentares na comissão com experiência e conhecimentos jurídicos. A legenda também quer evitar a convocação do tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. Segundo Machado, o colega de partido só foi chamado para depor na PF para fazer teatro. “Não tem nada contra ele, o delegado chamou e não tinha o que perguntar. Foi só um teatro, porque era aniversário do PT e quiseram esculhambar a festa”, disse.