Ultimamente, muito se tem falado sobre a falta de água em São Paulo e no Rio de Janeiro como se isso jamais tivesse acontecido. Porém, se formos pesquisar um pouco veremos que o racionamento nessas cidades é uma constante. É só relembrar antigas marchinhas de carnaval que já reclamavam da falta do precioso líquido.
Na década de 50, os foliões cantavam:
 “Rio de Janeiro, cidade que nos seduz:/ de dia falta água,/ de noite falta luz”.  Também esta de 1954:“Acenda a vela, Iaiá/. Acende a vela/ Que a Light cortou a luz./ No escuro eu não vejo aquela/ Carinha que me seduz”. ou ainda: “Abro o chuveiro/ Não cai nem um pingo/ Desde segunda /Até domingo” e mais: Eu vou pro mato Ai!/ pro mato eu vou/ Vou buscar um vagalume/ Pra dar luz ao meu chatô.”
Célebre ainda é a marchinha cantada por Emilinha Borba: “Tomara que chova três dias sem parar/A minha grande mágoa é lá em casa não ter água/ eu preciso me lavar / De promessa eu ando cheio /Quando eu conto a minha vida/ ninguém quer acreditar/ Trabalho não me cansa/ O que me cansa é pensar/ Que lá em casa não tem água / nem pra cozinhar”. Outra famosa:  “Lata d’água na cabeça, lá vai Maria, lá vai Maria/ Sobe o morro e não se cansa/ pela mão leva criança/ Lá vai Maria”.
Ficou o registro através desse cancioneiro popular, das notícias da época, das lembranças. Porém, desde o século XVIII há registro de falta de água potável naquela região, normalmente por descuido das autoridades. E muitas são as causas da falta de água e luz nos grandes centros. Dentre elas: a constante migração para as grandes cidades a procura de empregos, estudo, enfim, pela melhoria de vida. A falta de visão dos administradores públicos e a mudança dos costumes.
Em relação à energia elétrica, hoje em dia, há uma diversidade muito grande de aparelhos elétricos e eletrônicos. As lojas se multiplicam e as ofertas são cada vez mais tentadoras. Como o poder aquisitivo da população tem melhorado muito, e querendo participar do conforto que esses aparelhos proporcionam, as pessoas lotam suas casas com todo tipo de aparelhagem que consome energia elétrica.
A grande maioria dos lares tem mais de uma televisão, tem computador, geladeira, freezer, liquidificador, chuveiro elétrico, micro-ondas, ventilador e, agora, o aparelhinho que está se espalhando que nem rastilho de pólvora: o ar condicionado. No mínimo, um em cada quarto. E é ar condicionado nas casas, nos escritórios, nas lojas, nas escolas. Enfim: onde houver gente e calor.
Todo mundo quer o conforto que a tecnologia oferece e quase todas as invenções consomem energia elétrica e a junção de mais dinheiro aliada ao desejo de maior conforto resulta em maior consumo de energia. A vida moderna e os costumes atuais também levam ao maior gasto de água. Mais banhos diários, mais roupas para lavar, já que é comum se usar uma vez a roupa e colocá-la para lavar, lavar as calçadas e quintais. Afinal, ainda não se aprendeu a manter a higiene sem um consumo alto de água.
Esses motivos servem para os governos se conscientizarem de que o maior papel deles consiste na prevenção da falta de bens de valor como a água e a luz. São imprescindíveis, importantes para o bem estar das pessoas e cada vez mais exigidos. Ficar preso às variações do tempo não é governar. Governar é prever as dificuldades e resolvê-las antes que se instalem.

Até quarta-feira
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 – Dracena-