Desde o final do mês de janeiro, o município de Dracena vive epidemia de dengue. Enquanto a Vigilância Epidemiológica registra 945 casos contabilizados, há quem diga que já são mais de dois mil contaminados pela doença.
Não é de hoje que as autoridades municipais batem na tecla que o Pronto Atendimento Municipal (PAM) está com a sua capacidade no limite em relação ao número de atendimentos, e ainda que muitos dos que passam por lá poderiam procurar as unidades básicas de saúde localizadas nos bairros concretizando a regra de que o PAM existe para atender os casos de urgência e emergência. No entanto, a equipe de reportagem do Jornal Regional esteve no local na segunda-feira, 23, que passou, por algumas horas e flagrou diversos fatos que mostram o quanto a saúde no local pede por socorro.
A maioria dos pacientes que foram atendidos naquela noite era para averiguar situações relacionadas à dengue; outros com queixas de gripe; vítimas de acidentes e até mesmo paciente com câncer, dividiam o espaço da sala de espera que já se tornou pequena para atender crianças, jovens e adultos.
Um senhor de idade que estava com dengue, enquanto esperava para ser atendido, não suportou a dor e se deitou no banco de espera da recepção. Depois de algum tempo ele passou pela médica e recebeu soro para se manter hidratado.
Outra cena que chamou a atenção de quem estava na unidade de saúde foi o fato de uma mulher ficar circulando pela sala, sentindo muitas dores no abdômen. Enquanto todos os bancos estavam ocupados, ela aguardou do lado de fora, sentada em uma mureta, sendo muito perceptível a dor que ela sentia. Os ‘burburinhos’ que circularam eram de que ela tinha câncer e nem mais a morfina tirava a dor que sentia.
O galão de água disponível aos pacientes ficou vazio por um longo tempo. Também não havia copos descartáveis no local.
Nas salas de atendimentos internos, o espaço físico também estava comprometido. Com apenas duas salas de observação, os pacientes se aglomeravam e os poucos enfermeiros se dividiam de um lado para o outro.
Em meio a diversos atendimentos e muitos outros ainda aguardando na sala de espera, de repente um homem gritou no meio do corredor puxando uma maca com um paciente que necessitava urgentemente por atendimento: “Sai da frente se não vai ser atropelado”.
Naquele início de noite duas pessoas faleceram no local. Um senhor de idade e o eletricista Rodolfo Rodrigues Neto (Tato) que morreu após sofrer cinco paradas cardíacas ocasionadas por um choque elétrico. As mortes movimentaram ainda mais o pequeno espaço do PAM.
O fato é que o Pronto Atendimento de Dracena já se tornou semelhante com os de grandes centros, onde a população ultrapassa os 100 mil habitantes. Em algumas ocasiões faltam médicos para suprir a demanda, falta agilidade, falta informação, espaço físico e mais condolência com aqueles que saíram de suas casas em busca de ajuda médica.
MUNICÍPIO – Segundo a vice-prefeita Célia Brandani, que trabalha na Secretaria da Saúde, o Pronto Atendimento Municipal (PAM), possui dois médicos que atendem 24 horas por dia e a média de atendimentos é de 200 pacientes por dia. Um dos motivos, segundo Brandani, que aumenta a demanda no PAM, é que nos postos de saúde dos bairros, os médicos não permanecem em atendimentos por oito horas diárias (8h às 17h). A procura no PAM cresceu mais ainda nesse período em que a cidade passa por uma epidemia de dengue.
Situação que a vice-prefeita acredita que deve se amenizar com o funcionamento da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), prevista para ser concluída até 31 de abril. A UPA tinha previsão de ser inaugurada em janeiro (2015).
Ainda segundo Célia, com o funcionamento da UPA não há uma definição do que poderá ocorrer com o PAM que está em fase de licitação pela Prefeitura para terceirizar o funcionamento. “Os casos de urgência e emergência, serão encaminhados para a UPA”, acrescenta.
ELAINE RODRIGUES / GILMAR PINATO
Da Redação
Freelancer-Jornal Regional