O ex-gerente-geral Glauco Legatti negou haver superfaturamento nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. “Não teve superfaturamento na obra”, disse hoje (31) Leggati durante seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. “Não existe na refinaria um serviço sem ter contrapartida”, afirmou.
De acordo com o ex-gerente-geral da refinaria, mais de 90% dos contratos foram em reais e que o projeto final foi orçado em R$ 26 bilhões. O valor de 18 bilhões de dólares seria resultado de uma contabilidade da variação da taxa de câmbio. “Ela foi contratada por R$ 26 bi, em 2009, vim aqui [no Congresso] e disse que a refinaria custava próximo de 12 bilhões. Como é que a gente explica esse negócio de U$ 13,3 que foi pra U$ 18,5 bilhões: a Petrobras converte todos os seus investimentos para dólar que na época era R$ 2,438”, disse.
Ainda de acordo com Legatti, o valor de 2,4 bilhões de dólares apontado como valor da Abreu e Lima se referia a um projeto inicial e que a conta mais acertada do custo da refinaria seria de 13,3 bilhões de dólares. “O primeiro projeto, de 2,4 bilhões foi feito em 2005 e foi só o projeto conceitual: quero uma refinaria de 200 mil barris e não se tinha mais nada [em termos de projeto]. Esse primeiro número era pra começar a fazer o projeto. No segundo momento ela [a Petrobras] faz um projeto e define as unidades.
Segundo o ex-gerente, a partir do aval da diretoria da empresa se passa a produzir um projeto mais detalhado para a refinaria. “Nessa segunda fase, o projeto vai para 4,05 bilhões de dólares. Na fase três a empresa decide implantar de fato a refinaria. “A refinaria de U$ 2,4 bi não existe, o que existe é a refinaria de U$ 13,3 bi”.
O ex-gerente-geral da Refinaria Abreu e Lima negou ainda ter tido conhecimento do esquema de cartelização investigado na Lava Jato e que só teria tomado conhecimento das irregularidades quando elas foram tornadas públicas com as investigações da operação. Ele disse ainda que nunca soube de irregularidades praticadas pelos ex-diretores da estatal Renato Duque e pelo ex-gerente de serviços Pedro Barusco. “Só temos relacionamento profissional, nenhum pessoal”, disse a respeito de Duque e Barusco.
Questionado se tinha alguma relação com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, Legatti disse que o conhecia por ser contemporâneo de entrada na empresa, mas que nunca trabalhou teve contato com ele. “Nunca trabalhei com o diretor Paulo Roberto Costa como subordinado ou em um grupo em que ele tenha sido meu chefe nesse período. Eu trabalhava na área de engenharia e ele na área de negócios”, afirmou Legatti que disse ainda nunca ter conhecido ou encontrado com o doleiro Alberto Youssef.
Youssef, Barusco e Costa são delatores do esquema de desvio de recursos da estatal perante a Justiça Federal e admitiram, em diversos depoimentos, ter recebido propina de empresas contratadas pela Petrobras. Renato Duque é acusado por eles de fazer o mesmo, mas ele nega qualquer envolvimento.
Aos deputados, Legatti disse não ter conhecimento do processo de cartelização denunciado pela Lava Jato e que todos os projetos licitatórios ocorreram de forma transparente. “Nós não contratamos nada fora da estimativa da Petrobras. O que se percebe é que, dentro dos procedimentos da Petrobras, nós jamais desconfiamos desse tipo de cartelização”.