A tristeza de uma família na região de Presidente Prudente trouxe a esperança de vida a sete pacientes que estavam na fila para transplantes de órgãos. Foi a primeira vez que o Hospital Regional (HR) de Presidente Prudente sediou a captação de um coração para transplante. Córneas, fígado, rins e pâncreas também foram doados.
O grande protagonista dessa história foi um homem de 32 anos que morreu vítima de traumatismo craneano. A prima do doador e porta-voz da família explicou o que motivou a tomada de decisão em um momento tão difícil. “Tivemos uma perda muito grande. Quando os médicos nos fizeram a proposta, pensamos em proporcionar felicidade para outras famílias. Foi uma maneira de homenageá-lo e saber que ele continua fazendo o bem”, disse.
Um jato particular fretado pousou à 0h35 da madrugada de terça-feira (7) no Aeroporto Estadual de Presidente Prudente. Dentro, uma tripulação de sete pessoas. Dois médicos do Instituto do Coração (Incor) de São Paulo, quatro médicos do Hospital Albert Einstein, também da capital paulista, e um representante da família do paciente que recebeu o coração do doador.
O procedimento para a retirada dos órgãos avançou a madrugada e durou mais de cinco horas, como explicou o médico presidente da Comissão Intra-hospitalar de Transplante de Órgãos do HR, Renato Ferrari. Segundo ele, o procedimento para a retirada do coração foi o mais delicado e realizado pela primeira vez no HR em Presidente Prudente.
“Tudo precisa ser bem sincronizado. O coração tem apenas quatro horas para ser transplantado. No momento em que o jato saiu de Presidente Prudente, outra equipe no Incor já começou a realizar o procedimento no paciente que recebeu o coração. Ao chegar em São Paulo, a Polícia Militar fez a escolta do órgão para que o trânsito não atrasasse o procedimento”, explicou.
Mais de 40 profissionais de saúde do HR estiveram empenhados durante toda a madrugada na captação dos órgãos. O coração e o fígado foram para pacientes da capital, as córneas para a Santa Casa de Presidente Prudente, os rins e o pâncreas para Organização de Procura de Órgãos (OPO) de Marília (SP).
O diretor administrativo do Hospital Regional, Frei Jacó, prestigiou o procedimento durante a madrugada juntamente com as equipes. “Já tive a oportunidade de acompanhar três momentos da doação de órgão no hospital em pacientes diferentes. O primeiro momento durante a abertura do processo de morte encefálica, um segundo durante uma conversa com a família em que rezei junto com eles e este na captação. Com a realização desse primeiro procedimento com coração, vejo a possibilidade de cada vez mais o HR contribuir para salvar vidas”, finalizou.
De acordo com a equipe do Incor, o procedimento para o transplante do coração foi realizado com sucesso e o paciente, que não teve o nome divulgado, passa bem.