Quem sofre de mau hálito normalmente não percebe o problema, só quando é avisado por amigos ou conhecidos com quem lida diariamente. Isto porque não se trata daquele gosto amargo na boca que as pessoas geralmente sentem ao acordar ou passar muito tempo sem se alimentar. De acordo com Luis Fernando Bellasalma, professor de Periodontia da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), o mau hálito é percebido através de um odor ofensivo no ar expirado.
“Não se trata de falta de escovação dos dentes. A halitose, em grande parte dos casos, tem origem na língua. São restos de células e alimentos que se acumulam nos espaços entre as papilas gustativas – terminações nervosas que recobrem a língua e são responsáveis pelo reconhecimento do gosto. Esses resíduos elevam a população de bactérias presentes na boca e isso acaba liberando o cheiro de enxofre que caracteriza o mau hálito. Ainda assim, há outros tantos fatores fisiológicos, patológicos e adaptativos do organismo que podem alterar o hálito de uma pessoa”, diz o especialista.
Bellasalma diz que algumas condições, como a insuficiência renal – que faz com que compostos aromáticos de baixo peso molecular sejam eliminados por via respiratória –, ou ainda a falta de hidratação diária adequada, podem provocar halitose. “Quem ingere pouca água ao longo do dia acaba provocando a hipossalivação que favorece um aumento na concentração de compostos à base de enxofre na cavidade bucal. Sendo assim, além de procurar um cirurgião-dentista, a primeira medida de quem suspeita estar com mau hálito é beber muita água. O organismo como um todo agradece.”
Mas se a água faz bem, o consumo exagerado de balas e chicletes não resolve o problema da halitose nem é bom para a saúde. “Todo chiclete contém algum tipo de adoçante, mas os que têm açúcar podem acabar estimulando ainda mais a produção das bactérias na placa – o que causa mau hálito e cárie. Já o álcool e a cafeína, que costumam ser consumidos em grande quantidade por algumas pessoas, têm a propriedade de deixar a boca seca e criar um ambiente favorável às bactérias causadoras de cáries e mau hálito. Nesse sentido, também, vale ressaltar que é importante evitar comer doces entre as refeições e, principalmente, antes de dormir, já que a quantidade de saliva durante o sono diminui bastante, reincidindo no mesmo problema”, diz o especialista.
De acordo com Bellasalma, pelo menos 25% da população convive com o problema permanentemente – o que acaba afetando as relações pessoais e profissionais. Muitas vezes, a halitose tem origem em infecções periodontais, inflamação gengival, próteses mal adaptadas, e, sobretudo, desvios de padrão salivar que – juntos ou não – culminam no indesejável mau hálito. Caso ninguém alerte o paciente, ele pode conviver com o problema por muito tempo, já que acaba se acostumando com o odor do próprio hálito.
“Diante da mínima desconfiança de que está com halitose, a pessoa deve redobrar os cuidados com a higiene bucal, fazendo uso de fio dental para eliminar todo resto de alimento alojado entre os dentes, e, principalmente, deve higienizar bem a língua. Quando a crosta esbranquiçada que reveste a parte superior da língua (saburra) for espessa, é fundamental utilizar um limpador apropriado para removê-la. Quando for fina ou invisível, vale a pena limpar o dorso da língua com uma gaze, sem colocar muita força”, diz o professor da EAP. (Fonte: Prof. dr. Luis Fernando Bellasalma, professor de Periodontia da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas) – www.apcd.org.br/eap