Em comemoração ao Dia Mundial da Saúde, que este ano tem como tema a alimentação, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, lançou ontem, 7, o livro Alimentos Regionais Brasileiros, com comidas típicas de cada região e dicas de como cozinhar com mais saúde. O principal objetivo é estimular a população para o consumo de uma alimentação saudável capaz de promover saúde e mais qualidade de vida, reduzindo a obesidade, diabetes, hipertensão e outras doenças.
Dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2014) mostram que apenas um quarto da população brasileira (24,1%) consome a quantidade de frutas e hortaliças recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em cinco ou mais dias da semana. Segundo a OMS, a ingestão necessária é de pelo menos 400 gramas desses alimentos diariamente. Esse consumo é ainda menor entre os homens, quando o índice é de 19,3%, e maior entre as mulheres, 28,2%.
Durante a cerimônia de lançamento do livro, o ministro ressaltou que, apesar dos resultados da pesquisa, a diversidade culinária e variedade de frutas e hortaliças do Brasil possibilita à população manter uma alimentação saudável. “O lançamento do Guia e Alimentos Regionais é um marco importante no compromisso do governo brasileiro para priorizar a alimentação segura e mais saudável. Além de valorizar a cultura, pelos saberes e práticas regionais”, destacou o Chioro.
A coordenadora de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Débora Malta, aconselhou a população a seguir as recomendações do novo guia. “Prefiram sempre alimentos in natura, ou minimamente processados, e preparações culinárias a alimentos ultra processados. Os alimentos On natura, são as frutas e verduras, encontradas na natureza. Já, como exemplo dos minimamente processados, temos o arroz, que precisa ser descascado para ser consumido. Os alimentos ultraprocessados são os industrializados, como barras de cereais e macarrão instantâneo”, explicou a coordenadora.
Desenvolvido como complemento do Guia Alimentar para a População Brasileira, lançado em novembro de 2014, o Alimentos Regionais Brasileiros pretende incentivar especialmente o aumento do consumo de frutas, legumes e verduras. A publicação faz parte da premissa principal do Guia Alimentar que é a de a base da alimentação seja feita com alimentos frescos (frutas, carnes, legumes) e minimamente processados (arroz, feijão e frutas secas), além de recomendar que sejam evitados os produtos ultraprocessados (como macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote e refrigerantes).
Além de orientar sobre o tipo de alimento (características e uso culinário), os Alimentos Regionais traz informações de como comer e preparar a refeição, uma lista de possíveis substituições para as preparações desenvolvidas, ressaltando a diversidade cultural brasileira. A intenção é proporcionar a população o conhecimento das mais variadas espécies de frutas, hortaliças, leguminosas, tubérculos, cereais, ervas, entre outros existentes no país.
OFICINAS – Para a edição do livro, que revisa a versão de 2002, foram realizadas seis oficinas culinárias, uma em cada região do país e duas na região Nordeste. O foco foi o preparo de receitas culinárias contendo frutas, verduras e legumes disponíveis nos locais e pratos tradicionais da cultura alimentar dessas regiões, nas quais esses alimentos pudessem ser adicionados sem descaracterizar a comida.
O levantamento, realizado pela Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde em parceria coma Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), instituições de ensino, pesquisadores e profissionais de saúde, é direcionado às famílias e também as pessoas que trabalham com a promoção da saúde da população – profissionais de saúde, agentes comunitários, educadores, entre outros. A versão digital já está disponível no portal do Ministério da Saúde.
Além do consumo recomendado de frutas e hortaliças, o Vigitel traz ainda outros dados importantes sobre a alimentação dos brasileiros. O estudo mostra que 29,4% da população ainda consome carne com excesso de gordura, apesar de o índice ter apresentado queda ao longo dos anos – saindo de 32,3% em 2007. Os homens consomem duas vezes mais, com 38,4%, enquanto entre as mulheres o índice cai para 21,7%. A pesquisa apontou também que o brasileiro tem diminuído a ingestão de refrigerante. O consumo desse produto diminuiu 20% nos últimos seis anos. No entanto, mais de 20,8% da população faz uso de refrigerantes cinco vezes ou mais na semana (23,9% entre os homens e 18,2% entre as mulheres).
Quando se trata do alimento mais consumido pelos brasileiros, o Vigitel mostrou que o consumo regular de feijão em cinco ou mais dias na semana é de 66%. Neste item, o percentual foi maior entre os homens (73%) e menor entre as mulheres (61%). No Brasil, esse índice não tem se alterado ao longo dos anos.