Duzentos e cinquenta novos casos da dengue foram reportados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no município do Rio de Janeiro esta semana, de acordo com o Info Dengue, sistema de monitoramento da doença em tempo real, feito por uma parceria da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (EMAp-FGV), com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a prefeitura carioca. Há um ano, na mesma semana epidemiológica, foram apurados seis casos.
Lançado em janeiro deste ano, o sistema deve ajudar no combate à dengue na capital fluminense. O coordenador do Info Dengue, Flávio Coelho, professor da EMAp, disse que embora haja um crescimento do número de casos em relação às semanas anteriores, “não é nada alarmante”.
Coelho avaliou que é difícil prever se a tendência crescente de casos de dengue observada até o momento se manterá. “A dengue sofre muita influência do clima. Se a temperatura baixar até a semana que vem, a gente deve observar um decréscimo, mas não sabemos o que vai acontecer”.
Hoje, o que existe de concreto é uma tendência de elevação do número de casos novos. Coelho destacou que o Rio de Janeiro está longe de uma situação epidêmica para este ano, como ocorre em São Paulo, apesar de ser “pouco acima do nível onde a gente diria que não tem nada acontecendo”.
O número de casos novos cresce de forma paulatina há cerca de dois meses. Nos sete dias imediatamente anteriores aos dos dados reportados pelo SUS, foram registrados 215 casos.
Segundo o Info Dengue, algumas áreas da cidade não mostram expansão significativa. Os casos se mantêm estáveis e até apresentam tendência de queda, no centro da cidade, na Tijuca e no bairro de Santa Cruz, na zona oeste. As regiões que ampliaram o nível de alerta, com probabilidade de transmissão da doença, abrangem a zona sul carioca, os bairros da Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Campo Grande e Bangu, na zona oeste, Méier e adjacências e Bonsucesso, na zona norte.
O Info Dengue monitora a incidência da doença em dez áreas da cidade (zona sul, Tijuca e adjacências, Méier e adjacências, centro, Bonsucesso até ilha do Governador, Madureira e adjacências, Barra da Tijuca e Jacarepaguá, Bangu e adjacências, Campo Grande e adjacências e Santa Cruz e adjacências). Os dados podem ser acessados na página do Info Dengue. A intenção é estender o monitoramento em tempo real para a região metropolitana do Rio de Janeiro, em 2016, disse Flávio Coelho. “Estamos trabalhando para isso”.
O coordenador do Info Dengue disse que 2014 foi um ano atípico. “Não houve dengue, praticamente. Nós não tivemos epidemia. O número foi abaixo do normal”. A umidade atual pode explicar o aumento observado esta semana em comparação à mesma semana do ano passado. “Nós começamos o ano muito seco, a dengue não apareceu porque os mosquitos não se reproduziram. Não tinha chuva. Agora está chovendo, eles estão podendo se reproduzir e a gente continua com calor. Nós estamos com a temperatura quente o que é bom para os mosquitos. Se baixar demais eles ficam prejudicados”.
O coordenador do Info Dengue avaliou que o mais provável é que, na medida em que avance para a estação do inverno, a temperatura cairá. “E quando ela cair, é muito difícil a gente conseguir sustentar a transmissão da doença nos meses de junho, julho e agosto. A menos que tenhamos uma elevação muito atípica de temperatura”. Os números são atualizados semanalmente. A próxima leitura está programada para segunda-feira (27).