É comum se ouvir elogios sobre a sociedade japonesa, sua educação, seu progresso, o respeito pelos mais velhos, o amparo integral dedicado aos pais, a educação correta que dão aos filhos. A admiração é maior quando se lembra de que passaram por uma guerra sangrenta e foram vítimas de duas bombas atômicas que, praticamente, destruíram o país. Mas, eles foram valentes e organizados e, assim, reconstruíram o país e hoje é um dos mais adiantados do planeta.
Mesmo que não se queira, acaba-se por fazer comparação com o Brasil. Além de umas guerrilhas pontuais, como a guerra do Paraguai, as Sabinadas, Guerra dos Farrapos, Canudos e outras menos danosas ainda, pode-se afirmar que a destruição que uma guerra causa não é conhecida por aqui. Portanto, nunca tivemos nada para reconstruir, as crianças não são traumatizadas por bombardeios, nem as casas precisaram ser reconstruídas. A vida sempre seguiu num mesmo ritmo, sem interferências.
E aí vem a pergunta: Por que os japoneses progrediram tanto em tão pouco tempo e os brasileiros não? Um pouco de observação talvez ajude a entender. Outro dia, a TV, numa reportagem sobre o Japão, mostrava como agiam as pessoas que limpavam os vagões do metrô. Havia uma dupla para limpar, em 7 minutos, cada vagão de cem lugares. Os dois trabalhadores ficavam na plataforma aguardando a chegada do metrô e, quando ele chegava, eles se curvavam numa reverência respeitosa e ficavam assim até os vagões pararem. Aí, corriam para fazer o seu serviço.
O respeito que devotam ao serviço, o sentimento de agradecimento que sentem pelas pequenas e grandes tarefas os diferenciam de muitos povos. Por isso progridem. Talvez o que falta a uma grande parcela do povo brasileiro seja isso: respeito às coisas e às pessoas.
O pai não respeita o avô, o filho não respeita o pai, os irmãos não se respeitam. Muitos não valorizam o trabalho, tampouco as leis, ou autoridades. Como podem pais de família exigir que os filhos o respeitem como poder máximo dentro do seio familiar, se esses mesmos pais referem-se ao presidente da República, que é o poder máximo num país, com críticas e palavras grosseiras?
Afinal, o que ele está ensinado a esse filho senão o desrespeito com as autoridades? Se os filhos aprenderem a não respeitar as autoridades, não respeitarão também a eles, que são as autoridades máximas dentro do lar. E aí vão se queixar de que os filhos são ingratos e não os respeitam apesar de tudo que fizeram pelo bem estar deles.
Os governos também vivem para proporcionar o bem para a população. Cuidam da saúde, com essa ampla distribuição gratuita de medicamentos, exames, cirurgias, etc., constroem estradas, aeroportos, portos, hospitais, milhões de escolas, rede de água, de esgoto, pavimentação, segurança pública, mantêm as milhares de aposentadorias e todos os outros quesitos para uma vida digna de seus concidadãos e, de muitos, só recebem crítica azeda, destrutiva, palavrões e outros tratamentos de acordo com a educação familiar que receberam e de acordo com o respeito que devotam ao próximo.
A crítica é salutar. Porém a crítica educada, construtiva, aquela que procura mostrar ao governo que há outro caminho que pode ser seguido com melhor resultado. Porém, sempre com o maior respeito. Do contrário, enquanto sociedades moralmente educadas, como a japonesa, progridem rapidamente, outras, que não nutrem respeito pelos superiores, pelas autoridades, pelos pais e por tudo que tem que ser respeitado, ficam na eterna ciranda do “construindo e destruindo”. É bom pensar!
Até quarta-feira
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– Dracena –