A União Europeia (UE) não tem mais desculpas diante da imigração, afirmou nesta segunda-feira (20) a chefe da diplomacia do bloco, a italiana Federica Mogherini, antes de uma reunião em Luxemburgo, ao comentar o naufrágio de um barco com mais de 700 pessoas no domingo (19).

“Com esta nova tragédia já é demais. A UE não tem mais desculpa, os Estados membros não têm mais desculpas. Precisamos de uma verdadeira política migratória, precisamos de medidas imediatas”, disse Mogherini antes de uma reunião de ministros das Relações Exteriores do bloco.

No domingo, um barco com mais de 700 pessoas a bordo naufragou na costa da Líbia. De acordo com balanços preliminares, 24 mortes foram confirmadas e 28 sobreviventes foram resgatados, o que significa que quase 700 pessoas podem ter falecido na tragédia.

“A UE deve fazer o necessário para acabar com tragédias que a humanidade, no século XXI, não pode tolerar impassível”, disse o chanceler espanhol, José Manuel García-Margallo, que chamou a tragédia de “suficientemente séria, grave e global”.

“É um tema europeu. Todos os europeus devem ajudar”, completou, antes de destacar que a imigração é um “fenômeno” que pode afetar todo o norte da África e “ter consequências como as que estamos vendo”.

A chanceler alemã, Angela Merkel, também se pronunciou sobre o assunto, dizendo estar “comovida” com os naufrágios no Mediterrâneo que custaram as vidas de centenas de imigrantes e desejando respostas da Europa, afirmou seu porta-voz em Berlim.

“A chanceler está comovida, como milhões de alemães”, declarou o porta-voz Steffen Seibert.

Os repetidos naufrágios de navios com imigrantes constituem uma “situação que não é digna da Europa. Um continente preocupado com a humanidade deve encontrar respostas, mesmo quando não existem respostas fáceis”, completou.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) pediu a restauração imediata da operação italiana de busca e resgate após a tragédia.

O diretor da OIM, William Lacy Swing, também apelou para que outros países europeus apoiem a operação, Mare Nostrum, que foi suspensa ano passado pelos custos elevados.

Ele disse que o dispositivo que a substituiu, Triton, de menor envergadura e coordenada a nível europeu, “não é adequada”.

O diretor afirmou que a “Mare Nostrum salvou 200.000 vidas entre outubro de 2013 e dezembro de 2014”.

Para o diretor da Agência Europeia de Controle de Fronteiras Exteriores (Frontex), Gil Arias, uma das soluções possíveis para evitar os naufrágios de imigrantes seria a abertura de “novos canais de imigração legal” para as pessoas em fuga de conflitos.