Nas últimas décadas, a população tem envelhecido cada vez mais. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a cada 20 anos o número de idosos tende a dobrar. Ainda que possuam condições clínicas satisfatórias, não são raros os casos de déficit de memória entre aqueles com mais de 60 anos. É importante o acompanhamento de um médico para investigar se o esquecimento é natural da idade ou se caracteriza alguma síndrome demencial, como a doença de Alzheimer.
“A capacidade cerebral é semelhante à de uma pessoa mais jovem. Conforme envelhecemos, existem diferenças relacionadas à velocidade do processamento de informações, à flexibilidade mental e até da memorização. Porém, se o indivíduo repetir mais vezes a mesma informação, ele a recordará do mesmo modo que um jovem”, esclarece a neurologista Sonia Brucki, membro do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).
Algumas pessoas permanecem com a função cognitiva em um patamar elevado, enquanto outros decaem mais rapidamente. Por isso, testes de desempenho cognitivo têm parâmetros que levam em consideração idade e escolaridade – fatores que podem influenciar na manutenção da memória e outras atividades do cérebro.
Uma dica importante é a prática de exercícios físicos, essencial para conservar a saúde física e mental. Tal hábito melhora não só doenças crônicas e o fluxo sanguíneo, mas, também, auxilia na formação de novas sinapses (ligações entre neurônios) e no aparecimento de novos neurônios no hipocampo, responsável pela aquisição e aparecimento de novas memórias.
“A alimentação merece igual atenção: recomendamos a ingestão de pouca carne vermelha e mais peixe, além de abundância de verduras, legumes, frutas e grãos”, aconselha a neurologista. O cuidado com a pressão arterial e o diabetes, bem como cessar o hábito de fumar é obrigatório para quem quer viver bem com o cérebro.
Para manter o cérebro ágil e saudável, atividades diferentes da rotina são boas. Sejam tarefas físicas ou intelectuais. “Há sites que fornecem jogos e testes para melhorar o desempenho com várias tarefas, memorização, rapidez de resposta, atenção e percepção visual, por exemplo. Atividades cognitivas e de lazer também fazem bem como jogos (palavras cruzadas, sudoku, jogos de tabuleiro e cartas), leitura, escrita e atividades sociais. Para isso, os grupos de terceira idade ou de amigos são muito bons. Cada pessoa deve descobrir o que mais lhe agrada e a colocar em prática no seu dia a dia”, explica a dra. Sonia Brucki.
Impulsionar o cérebro pode diminuir a perda de memória.“O aumento no número de ligações entre as células nervosas eleva nossa reserva cognitiva, permitindo que o cérebro tenha mais capacidade de responder às injúrias. Hábitos saudáveis aliados à manutenção de atividades intelectuais são importantes fatores para manter nosso cérebro trabalhando bem”, conclui.