A prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari, nesta manhã (15), pela Polícia Federal, não significa, na avaliação do ministro da Defesa, Jacques Wagner, que ele tenha que sair do partido, “até que se concluam definitivamente as acusações”. O ministro disse que essa é sua avaliação pessoal, não como governo. Hoje, ele visitou a Feira Internacional de Defesa e Segurança (Laad), no Riocentro, zona oeste da capital fluminense. Wagner acrescentou que qualquer partido político é uma entidade de direito privado. Por isso, destacou que Vaccari não faz parte do governo.

Ele defendeu que não é se livrando de pessoas sob suspeita que se resolverá os problemas do partido. “Se tiver culpas no partido, ele tem que reavaliar e vai fazê-lo agora no seu 5º congresso para saber onde errou e como trabalha para não errar de novo”.

 

O ministro disse que se o país não quiser se assustar com outros episódios semelhantes ao da Operação Lava Jato, a bandeira que todos – políticos, imprensa, manifestantes – deveriam estar levantando é a da reforma política. “A máquina de fazer política no Brasil está errada”. Wagner ressaltou que a legislação político-eleitoral brasileira está superada. “Está viciada. Eu acho que se a gente tem responsabilidade com a democracia, a gente tem que punir, se ficar comprovado que cometeu crime, e preparar um ambiente mais sadio para o exercício da política. Se não a gente vai ficar no muro das lamentações eternamente e não propõe nada”.

Jacques Wagner disse que a política não pode ser caso de polícia. Ele admitiu que se, em alguns momentos, isse acontece é porque há algum equívoco. O ministro sustentou casos como o da Lava Jato, não são prerrogativa do seu partido.

Para a reforma política, ele priorizou alguns pontos entre os quais acabar com “o comércio” do tempo na televisão, zerar ou limitar o financiamento privado de campanhas, diminuir o custo de campanhas, além de acabar com a coligação proporcional. Com isso, ele acredita que o país terá uma política sadia. ”Nós precisamos ter partidos mais fortalecidos e essa regra atualmente é destruidora de partidos”. 

Wagner não acredita que a detenção de Vaccari possa pressionar a presidenta Dilma Rousseff. “É a história da vida dela pessoal, da vida política. Eu acho que tem coisas que não colam mesmo que a oposição queira, porque é transparente a postura dela de conversa”.

Jacques Wagner destacou que, na democracia, todos têm que conviver com opiniões diferentes, assim como ocorre nas manifestações de rua. Deixou claro, porém, que não cabe ao Executivo, mas ao Estado, e em particular ao Judiciário, julgar aqueles que estão fora da lei.