O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) alertou hoje (23) para diminuição acelerada dos recursos dos oceanos, cujos ativos estão avaliados em US$ 24 bilhões e à altura das dez melhores economias do mundo.
No relatório Revitalizar a Economia dos Oceanos: Argumentos para a ação em 2015, a organização não-governamental de defesa da natureza faz uma análise dos recursos dos oceanos, comparando aos das dez maiores economias do mundo. O documento alerta para o perigo de os sistemas naturais essenciais simplesmente deixarem de funcionar um dia.
“O valor dos oceanos está à altura das riquezas dos países mais ricos do mundo, mas está naufragando às profundezas de uma economia fracassada”, afirmou o diretor-geral do WWF, Marco Lambertini.
“Como acionistas responsáveis, não podemos manter essa forma imprudente de agir, continuar a extrair bens valiosos dos oceanos sem investir no seu futuro”, explicou Lambertini.
Produzido pelo Global Change Institute, da universidade australiana de Queensland, em parceria com a empresa norte-americana Boston Consulting Group, o relatório faz uma avaliação centrada dos ativos dos oceanos, com ênfase para os bens e serviços, incluindo a pesca e a proteção costeira contra tempestades.
O documento também descreve o que o WWF considera um “ataque implacável aos recursos do oceano por meio da sobre-exploração, do uso indevido e das alterações climáticas”.
“O valor dos ativos dos oceanos é estimado em pelo menos US$ 24 bilhões. Em um exercício de comparação com as dez maiores economias do mundo, eles ocupariam o sétimo lugar, com um valor anual de bens e serviços de US$ 2,5 bilhões. O desmatamento de zonas úmidas e desaparecimento dos corais e ervas marinhas ameaçam este motor econômico marinho, que protege vidas e meios de subsistência por todo o mundo”, acrescentou o estudo do WWF.
Uma pesquisa apresentada no relatório demonstra que “os oceanos estão mudando mais rapidamente do que em qualquer outro momento em milhões de anos”. De acordo com o resultado, o crescimento da população humana e a dependência do mar obrigam as autoridades a pensarem com urgência na recuperação da economia do mar e dos seus principais ativos.
O principal autor do estudo, Ove Hoegh-Guldberg, alertou para o impacto da pesca excessiva e poluição dos mares. “Os oceanos correm um risco maior, porque estamos extraindo muitos peixes e despejando muitos poluentes.”
Diretor do Instituto de Mudança Global da Universidade de Queensland, na Austrália, Ove Hoegh-Guldberg destacou que “o aquecimento e acidificação dos oceanos atingiram um estágio em que os sistemas naturais essenciais um dia deverão parar de funcionar”.