O dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, viajou para Brasília para assinar acordo de delação premiada com o Ministério Público na operação Lava Jato. O empresário é apontado pelo MP como chefe de cartel de empresas que pagava propina para fraudar licitações e obter contratos superfaturados na Petrobras. (Veja no final desta reportagem a lista de quem já fechou acordo de delação premiada na Lava Jato).

Pessoa deixou o aeroporto e foi para o prédio da Procuradoria-Geral da República. Ele havia sido preso em novembro de 2014, junto com executivos e empresários, na sétima fase da Lava Jato. Desde o mês passado, cumpre prisão domiciliar em São Paulo, e é monitorado por tornozeleira eletrônica.

A colaboração do empresário com as investigações vinha sendo negociada há meses e, após sua assinatura, deverá ser ainda submetida ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, para homologação.

A delação premiada está sendo negociada diretamente com a PGR, órgão de cúpula do Ministério Público Federal, porque envolve autoridades com foro privilegiado, como ministros e parlamentares, que só podem ser investigados pelo STF.

Na noite desta terça-feira (12), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ofício ao juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos da Lava Jato relacionados a Pessoa e outros acusados na Lava Jato, solicitando autorização para o deslocamento do executivo a Brasília. No pedido, Janot diz que Pessoa iria à capital federal para “a prática de atos instrumentais aos inquéritos” relacionados ao caso.

“Não reputo necessário o aporte de escolta policial, nem tampouco providência correlata me foi solicitada pelos advogados. Limito-me a solicitar as providências necessárias para o monitoramento eletrônico do deslocamento”, escreveu Janot no documento.

Ainda na noite desta terça, Sergio Moro informou estar ciente do deslocamento de Pessoa para Brasília. “Sobreveio comunicação a este Juízo de que a Procuradoria-Geral da República ouvirá Ricardo Ribeiro Pessoa na sede da PGR/MPF, em Brasília/DF, na data de amanhã, 13/05/2015”, registrou.

Acusação
Segundo a denúncia do MPF, a UTC fazia parte do “clube” de empreiteiras que sistematicamente, e em acordo prévio, frustravam licitações de grandes obras da Petrobras. Segundo o MPF, as empresas ajustavam previamente qual delas iria sagrar-se vencedora das licitações, manipulando os preços apresentados no certame.

No processo, o MPF cita como investigada a contratação da UTC, em consórcio, para obra no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Segundo a investigação, não houve licitação para contratação.

Veja a lista de quem já firmou acordo de delação premiada na Lava Jato:

1 Lucas Pacce Jr. – operador de câmbio
2 Paulo Roberto Costa – ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
3 Marici da Silva Azevedo Costa – mulher de Paulo Roberto Costa
4 Shanni Azevedo Costa Bachmann – filha de Paulo Roberto Costa
5 Ariana Azevedo Bachmann – filha de Paulo Roberto Costa
6 Márcio Lewkowicz – genro de Paulo Roberto Costa
7 Humberto Sampaio de Mesquita – genro de Paulo Roberto Costa
8 Alberto Youssef – doleiro
9 Júlio Camargo – executivo da Toyo Setal
10 Augusto Ribeiro de Mendonça Neto – ex-dirigente da Toyo Setal
11 Pedro Barusco Filho – ex-gerente de Serviços da Petrobras
12 Rafael Ângulo Lopez – funcionário da GDF Investimentos, empresa de Youssef
13 Shinko Nakandakari – engenheiro ligado às empresas Galvão Engenharia , EIT Engenharia e Contreiras, segundo o Ministério Público
14 Eduardo Hermelino Leite – vice-presidente da Camargo Corrêa
15 Dalton dos Santos Avancini – presidente da Camargo Corrêa
16 Ricardo Pessoa – dono da UTC