A presidenta Dilma Rousseff voltou a criticar hoje (30) o que considera “vazamento seletivo” de depoimentos de delação premiada de investigados da Operação Lava Jato. Ela disse que não vai demitir ministros baseada em denúncias veiculadas pela imprensa e acrescentou que condenar sem provas é uma prática da Idade Média.
“Estranhamente, há um vazamento seletivo que alguns têm. E aí, durante um tempo, podem falar o que quiser porque aqueles que são mencionados não têm como se defender, porque não sabem do que são acusados”, criticou Dilma, em entrevista ao lado do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, após reunião de trabalho na Casa Branca.
No fim de semana, jornais publicaram trechos da delação premiada do presidente da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, em que o executivo cita dois ministros próximos da presidenta Dilma Rousseff – da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva – como beneficiários do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
“Nunca demiti ministro, ou aceitei ministro nomeado pela imprensa ou demitido pela imprensa. E, assim sendo, vou aguardar toda a divulgação dos fatos para avaliar a situação. Agora, em princípio, acredito que seja necessário pelo menos que todos nós tenhamos acesso a mesma coisa. O governo brasileiro não tem acesso aos autos”, reclamou.
Dilma acrescentou que é preciso respeitar o direito à defesa, conquistado com a democracia e que não se pode condenar alguém sem provas. “A obrigação da prova é ser formada com fundamentos e não simplesmente com ilações ou sem acesso às peças acusatórias. Isso é um tanto quanto Idade Média, então não é isso que se pratica hoje no Brasil”.
A presidenta também defendeu a Petrobras. Disse que as denúncias de corrupção que envolveram alguns diretores não podem ser generalizadas para toda a estatal e que agora a empesa está bem gerida. “A Petrobras não é uma empresa sub judice. A Petrobras é uma empresa em pleno uso da sua atividade”.