A imprensa interiorana repercutiu, nos primeiros dias deste mês, a séria crise que envolve o quadro de Osvaldo Cruz, integrante do campeonato da série B do Paulistão (quarta divisão). Sem dinheiro, o clube viajou sábado (6) para Bauru, poucas horas antes do compromisso contra o Noroeste. Os atletas só almoçaram – em posto à beira da rodovia Ribeiro de Barros – porque o abnegado massagista Tanaka cortou um cheque e pagou a despesa. Mesmo assim, o Azulão encarou o Noroeste de igual para igual e só capitulou no segundo tempo, quando o físico não acompanhou o raciocínio.

* O infortúnio osvaldocruzense fez-nos recordar das vicissitudes que o Dracenão enfrentou pelo mesmo torneio, no distante ano de 1984. Sem recursos, o time foi jogar em Santa Fé do Sul, num domingo em que se comemorava São João. O ônibus da prefeitura saiu de manhã dos alojamentos do ginásio de esportes ‘Dovilho Moura’, prevendo-se parada para almoço num luxuoso restaurante de Ilha Solteira. Findo o regabofe, o desespero: o diretor de futebol do Fantasma anunciou que havia esquecido o talão de cheques. A fim de evitar um grande vexame, o Zé Pipoqueiro honrou a conta. Ele era torcedor ferrenho da equipe que acompanhava em todos os compromissos. Se recebeu o dinheiro na volta, ninguém sabe.

* Passados alguns meses, o Dracenão voltaria à região da Alta Araraquarense para dar combate ao Tanabi. Em função da distância, Joaquim Felizardo, treinador da época, solicitou que a comitiva jantasse e pernoitasse em Mirassol. O presidente e o diretor de futebol concordaram e a viagem foi marcada para o final da tarde, após uma rala sopa que substituiu o jantar. Na saída, o primeiro drama: constatou-se que só havia 10 atletas para encarar o Tanabi. Sem outra saída, houve a necessidade de reintegrar o meio-campo Adalberto, demitido na véspera por indisciplina.

* Qual verdadeiro Exército Brancaleone, a delegação desembarcou por volta de 22 horas, num velho hotel de Mirassol. Não havia alojamento suficiente para todos os jogadores que dividiram camas de solteiros. Jurandir Gomes, experiente e eficiente narrador da rádio Regional, sugeriu ao diretor de futebol que comprasse sanduíches para os atletas, no que foi atendido. E depois do pão com mortadela, o elenco foi descansar para a batalha do dia seguinte.

* Mesmo encarando todos os contratempos de uma acidentada e cansativa viagem por estradas vicinais de péssima qualidade, alimentação inadequada e ausência de craques para hipotéticas substituições, o Dracenão resistiu bravamente. Aos 39 minutos do segundo tempo vencia por 2 a 1 e só concedeu o empate após falha do goleiro Malinha que pulou atrasado. Obviamente, a comitiva retornou para casa sem parar em qualquer posto para jantar…

Enquanto isso, os milionários…
Sem nunca terem vivenciado as mesmas situações elencadas acima, os integrantes da seleção brasileira enfrentam o Peru, no final da tarde de hoje. É a estreia da “segunda família Dunga” na Copa América. O retrospecto mostra que os peruanos são fregueses tradicionais. Em 39 confrontos, o Brasil venceu27, empatou nove e amargou apenas três derrotas. O escrete canarinho, como diria o falecido narrador Geraldo José de Almeida, assinalou 83 gols e tomou 27, com o significativo saldo de 66.

Na festa do tri
No mundial de 1970, no México, Brasil e Peru travaram uma disputa memorável que terminou com vitória do time capitaneado por Carlos Alberto Torres por 4 a 2. Em jogo das quartas-de-final, Tostão (2), Rivelino, Jairzinho, Gallardo e Cubillas anotaram os pontos. A caminho da terceira Jules Rimet, o Brasil atuou com Felix, Carlos Alberto, Brito, Piazza e Marco Antônio. Clodoaldo, Gerson (Paulo César Caju) e Rivelino. Jairzinho (Roberto), Tostão e Pelé.