A construção civil é um dos setores da economia no País, mais afetado pela crise econômica atual. A redução no ritmo das construções registradas a partir do último trimestre do ano passado reflete em demissões.
Dados do sindicato da categoria na região apontam desligamentos de aproximadamente 20% dos trabalhadores desde outubro de 2014 a maio deste ano.
Os números referem-se a 12 municípios da microrregião de Dracena, vinculados ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Construção do Mobiliário de Panorama e região.
Segundo o presidente do sindicato, Mário Lúcio Queiroz, a quantidade de trabalhadores do setor, principalmente pedreiros e serventes, entre os municípios de Panorama a Flora Rica, no ano passado era de 5 a 6 mil.
“A partir de outubro de 2014, quando a crise financeira começou a intensificar, começaram as demissões e hoje, cerca de 20% desse quadro de funcionários foi desligado dos serviços”, informa o sindicalista.
“Já havia uma insegurança no setor com a crise no País, depois vieram as medidas que afetaram todos os setores econômicos com altas nas tarifas da energia elétrica e preços dos combustíveis, a imposição de limites dos créditos imobiliários, mais atrasos nos pagamentos de obras públicas, provocaram as demissões pelas empreiteiras”, acrescenta Queiroz.
A redução na construção civil, conforme o presidente do sindicato, envolve tanto prédios comerciais como residenciais. O salário médio de um pedreiro é de R$ 1,7 mil a R$ 1,4 mil, dependendo a qualificação, sem incluir benefícios.
Queiroz acrescenta que as demissões e redução nas obras da construção civil, refletem em todas as atividades da economia e na região, como a queda nas vendas no comércio.
Ainda segundo o presidente do Sindicato, as perspectivas para os trabalhadores desempregados não são animadoras. “Tivemos um começo de ano amargo”, analisa Queiroz. Ele avalia também que os cursos de qualificações, apesar de importantes, não é a solução para esses trabalhadores no momento, uma vez que o problema é a falta de empregos.
“Para melhorar a situação vai depender de medidas econômicas que incentivem novos investimentos”, conclui o presidente do sindicato.
Segundo o engenheiro civil consultado pela reportagem, Carlos Pimentel, indefinições no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, contribuíram para a desaceleração das obras. “Apesar de que no setor de loteamentos não está havendo problemas”, informa.
CAGED – O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), aponta o fechamento de 18,2 mil vagas na construção civil no País no último mês de março. Acumulado em 2015, o setor registra perdas de aproximadamente 51 mil vagas.
Já a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) registra que em 2012, foram abertas 156.875 mil novas vagas, em 2013, o saldo positivo foi de 104.527 vagas, enquanto nos últimos 12 meses, o setor já acumula a perda de 241.570 vagas no País.