Os agentes penitenciários em greve há cinco dias fizeram um ato hoje (21), em frente ao Centro de Detenção Provisória (CDP) em Pinheiros, na zona oeste da capital paulista. Os grevistas fizeram um protesto com carro de som e faixas. Eles tinham a intenção de bloquear a Marginal Pinheiros, mas não chegaram a blequear a via.
Nesta manhã, familiares dos detentos formavam fila na entrada do CDP para a entrega do “jumbo”, um pacote com mantimentos e itens de higiene. De acordo com Jacques Luiz de Sá, diretor regional do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo, a entrega não foi prejudicada pela greve. “Não estamos freando essas atividades e as visitas, porque a gente entende que a nossa luta é contra o governo, não contra o preso.”
Segundo o diretor do sindicato, a paralisação nesta unidade é parcial. Os presos são liberados para atendimento médico e júri, mas o recebimento de novos detentos foi prejudicada pela redução de agentes atuando nessa atividade.
Em todo o estado, o balanço do sindicato aponta que 53 unidades prisionais estão com funcionamento parcial, de um total de 163. Ainda, de acordo com o sindicato, dos 35 mil agentes, 20 mil aderiram à greve. Já a Secretaria da Administração Penitenciária informou que 16 unidades prisionais aderiram ao movimento. Em dez delas, segundo a secretaria, o funcionando é normal, sendo afetado apenas pelo bloqueio de alguns grevistas, na entrada das unidades.
Jacques explica que a greve atual é continuação da paralisação feita no ano passado, já que, para ele, acordos feitos com o governo não teriam sido cumpridos. “Tem 32 funcionários para serem exonerado, queremos que revejam a situação. A gente entende que não houve excesso por parte desses funcionários [durante a última greve].”
Em nota, a secretaria informa que o compromisso de cancelar processos administrativos disciplinares instaurados para a apuração de fatos ocorridos nos Centros de Detenção Provisória de Franca e Jundiaí e na Penitenciária de Iperó jamais foi assumido.
Os servidores reivindicam, além disso, o pagamento do Bônus de Resultado Penitenciário, decidido em acordo durante a greve do ano passado e que deveria ser concedido anualmente. Além disso, os grevistas pedem a reposição salarial por perdas da inflação.
Outra solicitação é o aumento da segurança para os trabalhadores. Na última quinta-feira (16), o agente Rodrigo Ballera Miguel Lopes, de 33 anos, foi morto a tiros em Campinas e quatro foram espancados – um no CDP-4 de Pinheiros, em São Paulo, e três na cidade de São José dos Campos. Lopes foi o oitavo agente penitenciário morto este ano no estado.
“Queremos a automatização das unidades, pois nos últimos dias, em várias unidades, os profissionais foram agredidos. Se for automatizado, diminui esse risco. A superlotação também é um problema que está evidente”, declarou Jacques.