O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, é alvo de uma investigação por parte da Justiça americana. Fontes próximas à investigação informaram à reportagem do jornal O Estado de S. Paulocom exclusividade que a apuração já está em curso em Nova York.

Por se tratar ainda de uma investigação, nenhum detalhe será revelado até que existam provas suficientes para um pedido de indiciamento por parte dos americanos.

Pessoas próximas ao caso dizem que, se forem comprovadas suspeitas contra Del Nero, pode ocorrer um pedido de prisão e até mesmo de extradição do brasileiro – o que seria difícil ocorrer enquanto ele não sair do Brasil.

Del Nero não viajou ao Chile para a Copa América e seu próximo compromisso no exterior seria no dia 20, em Zurique, para uma reunião da Fifa. Por enquanto, um dos principais focos do trabalho dos investigadores é traçar a origem e o destino de alguns depósitos feitos para dirigentes da CBF.

A apuração se debruça sobre pagamentos feitos por José Hawilla, dono da Traffic. A Justiça aponta como o empresário brasileiro foi obrigado a compartilhar um contrato que tinha com a CBF para os direitos da Copa do Brasil com a Klefer a partir de 2011.

Para o período entre 2015 e 2022, a Klefer pagaria à CBF R$ 128 milhões pelo torneio, minando a posição privilegiada que Hawilla tinha desde 1989.

Para evitar uma guerra comercial, Hawilla e a Klefer entraram em entendimento. Mas só neste momento é que a Klefer informou que havia prometido o pagamento de uma propina anual a um cartola da CBF, cujo nome não foi revelado.

Essa mesma propina teria de ser elevada a partir de 2012, quando dois outros membros da CBF entrariam em cena. Um deles é José Maria Marin, preso na Suíça e aguardando o processo de extradição aos Estados Unidos. O outro nome está sendo alvo de investigação.

“Co-conspirator” 

Dois documentos revelados no dia 27 de maio pelo Departamento de Justiça dos EUA confirmam a suspeita. Nenhum dos dois traz o nome de Del Nero, que nega que ele seja a pessoa indiretamente apontada nos informes.

Num deles, um empresário informa Hawilla que o pagamento de propinas aumentou quando outros dois executivos da CBF – especificamente o “Co-Conspirator #15” e Co-“Conspirator #16” – pediram propinas também.

O documento explica que o co-conspirador 15 era membro do alto escalão da CBF e membro da Fifa e da Conmebol – a descrição apenas pode ser preenchida por José Maria Marin. Naquele momento, ele era o presidente da CBF, membro da Fifa e da Conmebol.

O co-conspirador 16 seria membro do alto escalão da Fifa e da CBF. Apenas Del Nero mantinha cargo na CBF (vice-presidente) e na Fifa (membro do Comitê Executivo).

“Hawilla concordou em pagar metade do custo da propina, que totalizava R$ 2 milhões por ano, para ser dividido entre Co-Conspirator #13, Co-Conspirator #15, e Co-Conspirator #16”, indicou o indiciamento do empresário.

Respota da CBF  

 Procurada pela reportagem, a CBF enviou por e-mail a seguinte resposta: “O presidente da CBF desconhece qualquer procedimento investigativo envolvendo seu nome. Sua posição, em relação a questionamentos de toda natureza, é e será sempre de completa e irrestrita colaboração, sempre em conformidade com a lei e com a apresentação de fatos e dados objetivos que irão apenas corroborar a lisura de suas ações nas funções que ocupa ou ocupou. Se houver de fato uma investigação, ela vai concluir que o dirigente não teve qualquer envolvimento com propinas ou quaisquer irregularidades”.