A multidão vê os sinais que Jesus faz em favor da vida e o segue. Jesus está sentado para ensinar, mas quando vê a multidão que vem ao seu encontro, não pensa em fazer discurso. Ele se preocupa com as necessidades mais imediatas do povo, Jesus logo se preocupa com a fome da multidão. (João 6, 1 – 15).
Jesus quer contar com a colaboração dos seus seguidores para saciar a fome do povo. Os discípulos tem a missão de organizar a multidão, porque um povo desorganizado nunca conquistará nada. E Jesus quer que o povo fique sentado. Esse detalhe é importante, pois naquele tempo somente as pessoas livres sentavam durante as refeições. Os escravos ficavam de pé, servindo os patrões,. Isso nos mostra que Jesus quer todas as pessoas livres.
Jesus distribui os cinco pães e os dois peixes ao cinco mil pessoas. Esse numero representa todas as multidões que seguem Jesus. Todos comeram e ficaram satisfeitos. No projeto de Jesus, o que importa não é o muito que cada um tem acumulado, e que importa é o pouco que cada um tem e que pode ser partilhado.
Jesus não quer paternalismo, não quer que os pobres fiquem esperando migalhas das mesas dos ricos. Ele quer é que os pobres se organizem e partilhando, conquistem uma situação de vida digna, um mundo novo.
Jesus tinha repartido os pães e os peixes e saciados a fome da multidão. Agora, o povo continua seguindo Jesus, para que ele resolva todos os seus problemas, mas Jesus chama atenção do povo.
Eles estão indo atrás de Jesus só porque ficaram de barriga cheia. Jesus fala que é preciso trabalhar não só pelo alimento que se estraga, mas também pelo alimento que dura para a vida eterna. Quando Jesus repartiu os pães, repartiu também seu amor pelo povo. No gesto de partir, Jesus mostrou que a vida só é conquistada quando existe amor.
Cristo quer ser procurado e amado por aquilo que é, não por aquilo que nos proporciona. E quer ser adorado e seguido, não apenas na hora de milagres, como também quando vem a nós com suas exigências e com suas cobranças.
Acima de tudo, quer que acreditemos nele quando afirma ser o Filho de Deus; quando proclama ser ele mesmo o verdadeiro Pão do Céu, é só quem come daquele Pão viverá para sempre.
Infelizmente, porém olhando para nossa história de cristãos pouco esclarecidos, temos de admitir que ainda não fomos capazes de entender, o Cristo e de segui-lo sem restrição.
De fato gostaríamos que fosse nosso rei, enquanto ele foge de todo poder. Gostaríamos que nos providenciasse fatura de bem, enquanto ele proclama bem-aventurados os pobres. Gostaríamos que nos vingasse das ofensas e injustiças sofridas, enquanto ele nos intima a guardar nossas espadas.
Jesus disse que Moisés não deu o pão que veio do Céu. O maná do deserto é alimento do passado, que não sacia a fome para sempre. É só o Pai que manda o verdadeiro pão que vem do céu. Esse pão é Jesus, o enviado do Pai. Jesus é o Pão da vida, que vem ao mundo para dar a vida às pessoas. O maná é o pão do passado, mas Jesus é o Pão da Vida, que vem ao mundo para dar a vida às pessoas.
Com a base na narrativa de João, os gestos de Jesus lembram muito a celebração eucarística. No entanto, caberia perguntar que relação existe entre multiplicar pães a eucaristia? De que forma a eucaristia multiplica o pão e sacia multidões?
Jesus diz que a vontade de Deus é seu alimento, e diz ao seus discípulos que vai dar a si mesmo para ser comido. Então, quando Jesus diz; através deste gesto de comer e beber vocês se unem a mim, passam a viver a minha vida, a minha doação, ao Pai e aos homens. Assim como eu vou, morrer e dar minha vida para salvação dos homens, vocês unidos a mim, devem fazer o mesmo.
Quando Cristo na última Ceia, se referiu a sua morte, a seu corpo imolado, a seu sangue que seria o sangue da nova aliança, os apóstolos e os primeiros cristãos viram aí a realização da promessa de Jeremias.
Em Cristo Deus fez Nova Aliança com seu povo, um novo pacto de amizade. Viram na morte de Jesus o sacrifício perfeito que punha fim a todos os sacrifícios do Antigo Testamento. Jesus é a vítima perfeita, o Cordeiro Pascal imolado que alcançou assim para humanidade e amizade de Deus para sempre.
Comer e beber o Corpo e Sangue do Senhor a participação do sacrifício de Cristo, dando comunhão com Deus e irmãos. Já vimos que a refeição para os Judeus era uma ação de graça. A última ceia era Ação de Graça por excelência. A palavra Eucaristia palavra Grega, quer justamente dizer isto, Ação de Graça. Quando os primeiros cristãos se reuniram para a Ceia do Senhor, faziam isto para louvar e agradecer a Deus os grandes benefícios recebidos por meio de Jesus.
A Eucaristia é também para nós a grande Ação de Graça. Assim se chama a parte central da Eucaristia, aquela grande e solene Oração de Louvor. E durante esta oração a Igreja repete as palavras de Jesus. Isto é meu Corpo, isto é meu Sangue: Comei e Bebei.
Assim, os efeitos do Pão Eucarístico penetrarão na vida do mundo, através de nós, através do nosso serviço, da nossa abnegação, do nosso morrer.
*contador, coordenador das Comunidade Eclesial de Base, ministro da Palavra e celebração da Igreja Matriz Nossa Senhor Aparecida em Dracena.