A família do brasileiro Jean Charles de Menezes, morto por engano pela polícia de Londres pouco depois dos atentados terroristas de julho de 2005, lembrou hoje (22) os dez anos da morte pedindo que os agentes envolvidos sejam julgados.

Os parentes de Jean Charles exigiram justiça em uma cerimônia na entrada da estação de metrô de Londres onde, há dez anos, o brasileiro foi confundido com um terrorista suicida e morto a tiros pela polícia.

Jean Charles foi baleado sete vezes na cabeça e uma no ombro na estação de Stockwell, em 22 de julho de 2005, duas semanas depois dos ataques de 7 de julho, quando quatro terroristas suicidas causaram a morte de 52 pessoas em vários pontos do metrô da capital londrina.

Os seus primos Vivian Figueiredo, Alessandro Pereira e Erinaldo da Silva, vestindo camisas pretas com a frase Justice for Jean (Justiça para Jean), colocaram flores, acenderam velas e fizeram um minuto de silêncio na frente do mosaico com a foto do brasileiro na entrada da estação.

A família atravessou “dez longos anos de dor, luta e determinação para obter justiça, para levar a julgamento não só os que dispararam as balas, mas também os que deram a ordem”, disse um porta-voz da família perante as dezenas de pessoas que estavam no local.

“Ele era uma pessoa bonita, um filho amável, um amigo amável, um primo amável”, afirmou Vivian Figueiredo, de 32 anos, à agência France Presse.

“Vamos continuar a lutar, e espero que a nossa luta não beneficie apenas a nossa família, mas também outras famílias, outras comunidades e pessoas com quem aconteceu a mesma coisa”, acrescentou Vivian.

Em 2009, o Ministério Público da Grã-Bretanha decidiu que nenhum agente da polícia seria acusado, considerando não haver provas suficientes de que qualquer crime tenha sido cometido pelos agentes individualmente na morte. A polícia de Londres foi considerada culpada de não cumprir normas de saúde e segurança da população na operação que matou o brasileiro e foi multada.

Alguns parentes recorreram contra a decisão, apelando à Corte Europeia de Direitos Humanos que começou a analisar o caso no mês passado.
 

*Com informações da Agência Lusa