Até há bem pouco tempo, apenas opiniões abalizadas ditas por pessoas de renome, com alguma projeção, eram levadas em conta e repetidas como contendo alguma substância. Com o advento das redes sociais, qualquer um pode dar o seu “pitaco” sobre qualquer assunto, mesmo que não entenda nada do que está dizendo.
É lógico que muita coisa sem sentido é dita e, normalmente, ninguém leva a sério as conversas e opiniões emitidas na internet. Só pela maneira como escrevem suas “pérolas”, já demonstram o seu grau de cultura. Normalmente nenhum. Mas nem por isso deixam de falar sobre assuntos de que não têm a mínima noção.
O escritor italiano, Umberto Eco, autor do livro “O nome da Rosa”, não tem boas palavras para as redes sociais. Há um mês, ao receber o título de doutor honoris causa na Universidade de Turim, disse que “a mídia social dá voz a uma legião de imbecis, que antes falava apenas no bar depois de beber uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade. Hoje eles têm o mesmo direito de palavra de um Prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis”, afirmou, no discurso de agradecimento. “O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade.”
Palavras duras de quem sempre pesquisou, estudou muito antes de emitir qualquer opinião sobre qualquer assunto e agora vê a facilidade com que pessoas, com pouca cultura e sem conhecimento de um assunto, proferem sentenças, como se fossem gabaritados juízes.
São os novos tempos em que a tecnologia transformou o mundo num pequeno agrupamento, onde todos têm a oportunidade de expressar o que pensam, mesmo aquele que pouco pensa.
O saldo da popularização da internet e da facilidade de divulgação de opiniões que dela advém é mais positivo que negativo. Hoje, qualquer pessoa com uma conexão ou um celular diz em poucos segundos o que pensa sobre qualquer tema e, em países como a Itália ou o Brasil, sem censura.
O problema é que, assim como nos bares, no Facebook, no Twitter e no Instagram os insensatos fazem mais barulho que os sensatos.
E, como mostram episódios recentes de intolerância e racismo envolvendo os jornalistas Zeca Camargo e Maju Coutinho, a deputada federal Mara Gabrilli, o apresentador Jô Soares e a presidente Dilma Rousseff.
Ao invés de aproveitarem a possibilidade de se comunicar e, como de costume, mostrar suas novas fotos, recantos da casa, novas pratos que conseguiram fazer, as artes dos filhos, as declarações de amor a família e amigos, cenas das festas a que compareceram, muitas vezes resolvem colocar para fora todo o fel que trazem guardados e vão instila-lo em assuntos que não dominam.
Pouco ou nada sabem, realmente, quem é quem no governo, mas muitos não perdem tempo e passam a desrespeitar autoridades, ofendê-las, como se assim quisessem provar sua intimidade com essas personalidades.
Falta bom senso e modéstia a esses internautas!
Até quarta-feira
therezapitta@uol.com.br
_Dracena_