Há pessoas que, para atingirem seus objetivos, lançam mão até de recursos nada honestos. Há duas formas de você se sobressair em relação a alguém: uma é se projetar pelos seus esforços, pelas suas qualidades, pelos seus feitos, e outra é tentar rebaixar a outra pessoa. Acredita-se que esta última tenha sido a intenção de quem armou meia dúzia de mulheres humildes que, acompanhadas de algumas crianças, saíram às ruas reclamando da falta de médico pediatra para atendimento no PAM e no Posto de Saúde.
Se a pessoa que as municiou com faixas ricamente desenhadas, que não custaram pouco, não as estivesse usando como inocentes úteis, teria explicado a elas e a todos que se interessam pelo assunto como, realmente, as coisas estão acontecendo na área de saúde em Dracena:
1º- Os municípios, por lei, são obrigados a investir 15% de sua arrecadação em saúde. Dracena está investindo mais que o dobro, 33%.
2º- A contratação de médico, de qualquer especialidade, só poderá ser feita através de concurso público. É a lei. Para isso, o médico interessado deverá se inscrever quando estiverem abertas as inscrições, o que já está programado para acontecer nos próximos dias.
3º- Nos últimos concursos havidos, nenhum pediatra se interessou em se inscrever.
4º- A contratação dos médicos que, em outras gestões, era feita como funcionário mensalista, não é mais aceita por eles, porque teriam que fazer todo o horário (6 ou 8 horas diárias), do contrário o Ministério Público interviria por não estarem cumprindo horário. Hoje, os médicos só aceitam contratos para receberem por hora trabalhada. No fim do mês recebem pelas horas que efetivamente trabalharam. Assim, não precisam abandonar os consultórios, com seus pacientes particulares, suas cirurgias ou outros procedimentos quaisquer, nem serem vigiados para ver se estão cumprindo o horário. Não têm mais horário. Trabalhou, ganha. Não trabalhou, não ganha. E isso está acontecendo em todas as cidades.
5º-A remuneração paga por hora médica trabalhada, em Dracena é de R$58,36. É a maior remuneração da região. Mas, mesmo assim, não têm aparecido interessados.
Médico não é artigo que se encontra nas prateleiras de supermercado. É chegar, comprar e levar. É um profissional que investiu muito em estudos, basta dizer que hoje as faculdades de medicina cobram mais de R$7.000,00 a mensalidade e aquele que se dispõe a pagar essa quantia todo mês, durante 6 anos, quando formado, quer ganhar muito bem. Assim, estão optando pelo atendimento particular, deixando de lado os planos de saúde e o serviço público.
Pode-se até não gostar, mas é um direito que lhes cabe: Optar pelo modo como querem trabalhar. Agora, o que é inaceitável são pessoas que, conhecendo essa realidade, transformam pessoas simples, inocentes, em massa de manobra para tentar deixar a administração municipal mal vista pelos munícipes.
Infelizmente, ainda existe esse tipo de gente que não fica nem corada quando faz trapaça. Ainda bem que é uma minoria desprezível e facilmente identificável.
Até quarta-feira
therezapitta@uol.com.br
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