A Rússia começou a destruir hoje (6) produtos alimentares europeus e norte-americanos sob embargo, conforme um decreto do governo russo. Há cerca de um ano, a Rússia proíbe a importação da maioria dos produtos alimentares dos países que impuseram sanções pelo posição de Moscou na guerra com a Ucrânia – decisão que afetou particularmente o setor agrícola europeu.
Estes produtos, que até agora eram simplesmente devolvidos aos países de origem pelas alfândegas, vão passar a ser destruídos no local pelas autoridades, quer sejam apreendidos na fronteira ou em lojas.
A agência de saúde pública russa Rosselkhoznadzor anunciou, na manhã de hoje, uma primeira apreensão de 73 toneladas de peixes e nectarinas na fronteira com a Bielorússia, que transitavam com um certificado turco falso e que serão destruídas.
Na terça-feira (4), as autoridades russas fizeram, na cidade de Samara, a primeira destruição de 114 toneladas de carne de porco europeia, em uma demonstração da determinação das autoridades. Na quarta-feira (5), várias personalidades de diferentes posições políticas manifestaram-se contra a destruição destes produtos, pedindo que fossem distribuídos para pessoas necessitadas.
O líder do Partido Comunista russo, Guennadi Ziuganov, lamentou “a medida extrema”, enquanto o advogado Evgueni Bobrov, membro do Conselho dos Direitos Humanos no Kremlin (sede do governo russo), denunciou “uma proposta arbitrária”.
Uma petição assinada por mais de 250 mil pessoas no site Change.org exige que os alimentos apreendidos sejam dados “aos antigos combatentes, deficientes e famílias numerosas e a todos que tenham sofrido os efeitos de desastres naturais recentes”.
O jornal russo Vedomosti denunciou, em editorial publicado hoje, uma “barbárie ostensiva” e uma “guerra absurda contra alimentos em período de crise econômica”.
As autoridades, que acusam países como a Bielorrússia ou o Cazaquistão de colocar em território russo produtos europeus sob embargo como se fossem produtos locais, esperam que alguns casos de destruição desencorajem pessoas que pensam em desrespeitar o embargo.