O diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Anthero de Moraes Meirelles, disse hoje (13) que a instituição está investigando todas as empresas citadas na Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF). “Todas estão sob investigação. Além disto, todas as que operaram com empresas que foram citadas também estão sendo investigadas”, afirmou durante depoimento, como testemunha, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras.
Segundo ele, em várias investigações foram encontrados indícios de irregularidades que resultaram na abertura de processos administrativos e denúncias a órgãos como o Ministério Público e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Ele citou, como exemplo, a Corval, a Pioneer e a Levican, mas evitou apontar motivações, “porque a mera investigação não implica culpa, dolo ou participação dessas empresas”, explicou, se comprometendo a enviar a lista de indícios à presidência da CPI.
Mais cedo, Meirelles afirmou que a TOV – uma das principais corretoras citadas pelos doleiros como canal para operações de dólar como pagamento de importações fantasmas – está com processo administrativo em andamento. A empresa, segundo ele, foi denunciada ao Ministério Público, “mas não temos elementos suficientes. Vamos apurar a responsabilidade nestas operações específicas e todas as outras [operações] citadas estão sob supervisão intensa e específica”, completou.
Convocado como testemunha pela comissão, ele admitiu que o conjunto de operações da TOV “chama e chamou atenção. Muitas instituições financeiras detectaram potenciais impropriedades e fizeram comunicação ao Coaf”. Segundo ele, algumas dessas comunicações resultaram em relatório de inteligência que permitiram identificar os desvios, mas destacou que o BC não recomenda a interrupção de negócios.
O diretor do BC explicou ainda como funciona o sistema de monitoramento de operações financeiras do banco e afirmou que esse mecanismo “não é avacalhado” como classificou a doleira Nelma Kodama, em depoimento à CPI há quase três meses. Segundo ele, apesar de ter falhas, os mecanismos estão em constante aperfeiçoamento e reúnem todos os dados de operações de câmbio e comerciais. Nelma Kodama está presa e é considerada, pelo Ministério Público, líder do grupo criminoso que operava no mercado negro de câmbio.