O homem que decepou as mãos da companheira durante uma discussão em São Leopoldo, no Vale do Sinos, Rio Grande do Sul, foi denunciado pelo Ministério Público por tentativa de homicídio quadruplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e emprego de violência doméstica e familiar). O crime ocorreu no último dia 2 de agosto.
A denúncia foi apresentada na quinta-feira (13) pelo promotor Sérgio Luiz Rodrigues, do MP de São Leopoldo, e agora é analisada pela Justiça.
Elton Jones Luz de Freitas, 26 anos, tentou matar Gisele Santos de Oliveira, de 22, usando um facão com 39 centímetros de lâmina. A jovem foi atingida por diversos golpes pelo corpo e teve lesões na face, couro cabeludo e pernas. Além disso, teve as mãos amputadas e o pé direito precisou ser reconstruído.
Gisele conta que os dois tiveram uma discussão pela manhã, o que viria a causar a tragédia horas depois. Decidida a se separar, ela anunciou para o companheiro: “Ou você sai de casa, ou saio eu”. “Aí, ele começou a chorar e pedir perdão”.
Sem aceitar a decisão da companheira, Élton Jones trancou a porta e colocou a chave dentro do bolso. Gisele lembra que, quando tentou ligar para a mãe pela primeira vez para pedir socorro, teve o celular arrancado das mãos pelo marido.
Ela tentou afastá-lo com um chute. Foi quando o homem pegou um facão em cima do armário para agredi-la.
O primeiro golpe foi na cabeça. Gisele conta, ao se ver sangrando, ficou supresa, porque não imaginava que o marido fosse capaz de uma agressão tão grave. Em seguida, vieram os demais golpes.
companheiro (Foto: Arquivo Pessoal)
“Eu gritava que perdoava ele, para ver se ele parava. Mas ele continuou. Logo em seguida, tentei me fingir de morta. Só que ele me deu uma facada na barriga e eu gritei. Aí ele disse: ‘está viva ainda, desgraçada’”, relata Gisele.
“Eu só gritava que Deus perdoasse ele pelo que estava fazendo”, afirmou a jovem. “Aí, ele botou uma jaqueta e saiu, me dizendo: ‘Estou indo dar um beijo na minha mãe, que eu sei que vou ser preso. E você está morta'”.
O homem se apresentou a uma delegacia no mesmo dia do crime. Ele está no Presídio Central de Porto Alegre. “O meu perdão ele tem. Depois, ele que se acerte com Deus. Só quero que fique longe de mim e da minha família”, afirma Gisele.
Socorro
Gisele ficou sozinha, gritando por socorro. Até que uma vizinha teve coragem de entrar no quarto. Naquela hora, a jovem diz que achava que iria morrer em poucos instantes. Pediu, então, para telefonar para a mãe para se despedir.
Gisele afirma que o socorro demorou, e o atendimento médico só chegou depois que a mãe dela, que se deslocou de Sapucaia do Sul para São Leopoldo, já estava no local.
A jovem ficou internada na UTI do Hospital Centenário por quatro dias, além de outros dois em um quarto da instituição. Passou por cirurgias para reimplante dos pés, e ainda é preciso esperar para ver se não haverá rejeição. Nas mãos, não foi possível fazer reimplante.