Mesmo com o aumento na captação por parte da indústria, o preço do leite pago ao produtor seguiu em alta no mercado nacional pelo quinto mês consecutivo, de acordo com levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Essa tendência também pode ser confirmada na região da Nova Alta Paulista, pelo empresário do ramo de laticínio, Hélio Trevizan.
Ele informou que em fevereiro pagava-se pelo litro do leite ao produtor R$ 0,85 e no mês de julho variou de R$ 1,10 a R$ 1,15. Para Trevizan, o valor é justo.
Em relação ao valor do litro do leite ao consumidor, ele disse que não houve grandes reajustes se comparado ao ano que passou. “É o que acontece geralmente em todos os anos, em função da entressafra e estiagem”.
Trevizan ressaltou que os produtos derivados do leite foram os que apresentaram grandes aumentos em comparação com os anos anteriores, chegando a atingir em torno de 25%.
O valor médio líquido do leite em julho, na ‘média Brasil’ – ponderada pelo volume captado em junho nos estados de MG, PR, RS, SC, SP, GO e BA –, foi de R$ 0,9760/litro (sem frete e impostos), alta de 2,34% frente ao mês anterior, mas queda de 11,5% na comparação com junho/14, em termos reais (deflacionados pelo IPCA de jun/15). O preço bruto (inclui frete e impostos) foi de R$ 1,0641/litro, elevação de 2,19% em relação a junho, porém com recuo de 11% em 12 meses, em termos reais.
Segundo pesquisadores do Cepea, a valorização nos últimos cinco meses tem sido contínua, porém a percentuais mensais menores que em anos anteriores. Isso porque a demanda pelos lácteos permanece pouco aquecida, dificultando a recuperação dos preços ao produtor em um menor período de tempo, como ocorre normalmente.
Com relação à produção de leite, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) teve alta de 4,28% de maio para junho e de expressivos 11,12% em relação a junho/14.
De acordo com colaboradores consultados pelo Cepea, o bom regime de chuvas nas regiões Sul e Nordeste, atrelado ao período de safra sulista resultaram nesse cenário. Em todos os estados da “média Brasil” houve aumento na captação, com destaque para Bahia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul que registraram os maiores aumentos, de 9,63%, 9,57% e 9,39%, respectivamente. Na sequência vieram Paraná (5%), São Paulo (2,54%), Minas Gerais (1,39%) e Goiás (0,36%).
Na Nova Alta Paulista, segundo Trevizan a produção está em baixa desde o mês de abril, devido ao período de estiagem. Ele lembrou ainda que aqueles produtores que dependem exclusivamente da pastagem para alimentar os animais ficarão prejudicados.