Centenas de migrantes que estavam bloqueados em campos de refugiados improvisados em estações de Budapeste, na Hungria, conseguiram embarcar na manhã desta segunda-feira (31) com destino à Alemanha e à Áustria. Famílias com crianças estão no grupo que conseguiu entrar nos trens. Centenas também embarcaram na Macedônia em direção à Servia.

A empresa que opera o sistema de trens na Hungria informou, por volta das 10h (no horário de Brasília), que a composição que deixou Budapeste parou em Hegyeshalom, na fronteira com a Áustria à espera das autoridades.

No início da manhã, muitos migrantes se amontoavam em frente aos guichês em Budapeste para comprar os bilhetes para embarcar nesta manhã. Muitos refugiados aproveitaram que não havia forças de segurança para correr até os trens que partiam para VienaMunique e Berlim, de acordo com a agência France Presse.

A checagem dos documentos era feita pelas autoridades dentro do trem, segundo a Reuters. De acordo com o canal local M1, no entanto, embarcaram apenas migrantes que tinham comprado as passagens e dispunham de documentos válidos.

Há vários dias, muitas pessoas que esperam conseguir asilo na Alemanha, Áustria ou em um país escandinavo permaneceram em acampamentos improvisados e pediam que as autoridades deixassem o grupo seguir viagem.

Na Macedônia, o governo forneceu trens, que partem duas vezes por dia, para os imigrantes que se dirigem à Servia. Em um acampamento improvisado, as pessoas receberam ajuda humanitária antes de embarcar em comboios escoltados pela polícia e pelo exército macedônio.

Entre sexta-feira (28) e domingo (30), as autoridades da Hungria interceptaram 8.792 refugiados que cruzaram a fronteira de forma ilegal, apesar de no sábado ter concluído a construção de uma cerca na fronteira com a Sérvia concebida para conter a imigração. Nos últimos dias, as autoridades detiveram 36 pessoas certamente por tráfico de seres humanos que enfrentarão investigações policiais, indicou o relatório do Ministério do Interior húngaro.

Os ministros do Interior da França, da Alemanha e do Reino Unido pediram no domingo (30) à presidência da União Europeia que organize uma reunião nas duas próximas semanas sobre a chegada de grande quantidade de imigrantes às fronteiras do bloco.

Crise migratória
Guerras, pobreza, repressão política e religiosa são alguns dos motivos que impulsionam milhares de pessoas a deixar países como Síria, Afeganistão, Iraque, Líbia e Eritreia.

 

De acordo com um relatório da ONU, somente neste ano, mais de 220 mil imigrantes teriam chegado à Europa pelo Mediterrâneo. Já uma agência da União Européia dedicada ao tema aponta a chegada de 340 mil nos primeiros sete meses do ano.

Nos últimos meses, as cenas de caos se multiplicam nos países do leste da Europa à medida que milhares de migrantes avançam para o continente de ônibus, de trem ou a pé.

Alguns governos europeus têm se recusado a receber refugiados e resistido a propostas da União Europeia para criar um plano comum para lidar com a crise, que está se intensificando devido a uma onda de imigrantes que fogem da guerra e da pobreza em África, na Ásia e no Oriente Médio, como informou a agência Reuters.

O Escritório Federal da Alemanha para Migração e Refugiados, no entanto, informou que cidadãos sírios não estariam mais sujeitos ao Regulamento de Dublin. Isso significa que a Alemanha não vai mais mandar sírios buscando asilo de volta ao país da União Europeia onde chegaram originalmente – por exemplo, Grécia ou Itália. A decisão provocou uma série de agradecimentos da parte dos sírios com relação à chanceler Angela Merkel.

Nesta segunda-feira, Angela Merkel afirmou que há mais alemães dispostos a ajudar do que contra a acolhida dos refugiados. Ela declarou ainda que o país está diante de um desafio de longa duração e que terá que mostrar flexibilidade. “Será um desafio central não por dias ou meses, mas por um grande período de tempo”, disse Merkel durante entrevista coletiva em Berlim, segundo a Reuters. “A meticulosidade alemã é ótima, mas o que precisamos agora é da flexibilidade alemã”, acrescentou.

Migrantes acampados em estação de Budapeste na quinta-feira (28) (Foto: Laszlo Balogh/Reuters)
Migrantes acampados em estação de Budapeste na quinta-feira (28) (Foto: Laszlo Balogh/Reuters)