O Comitê para Democratização da Informática (CDI) comemora hoje (27) 20 anos de trabalho pela inclusão digital no Brasil, no Morro Santa Marta, em Botafogo, onde tudo começou, mas agora lançando um novo desafio, o Movimento Recode (reprogramador). A organização não governamental (ONG) usa a tecnologia para transformação social, repassando conhecimentos às comunidades e estimulando o empreendedorismo, a educação e a cidadania. A rede está presente em 15 países, totalizando 1,64 milhão de vidas transformadas nessas duas décadas de existência, sobretudo de jovens de comunidades carentes. “Influenciamos diversas gerações”, disse a diretora executiva do CDI, Elaine Pinheiro.
Ela lembrou que na missão de promover a inclusão digital, o CDI usou a tecnologia sempre aliada à cidadania, “a empoderar o indivíduo como cidadão para que ele promova o desenvolvimento comunitário”. No Brasil, o CDI está presente em 16 estados onde atende, anualmente, a 80 mil pessoas, em média.
Elaine destacou que hoje, o CDI evoluiu da missão de promover a inclusão digital para o desenvolvimento, acrescentando que a tecnologia pode estar associada à cidadania, mas também à capacidade criativa do indivíduo e à capacidade de trabalho em rede que esses cidadãos podem exercer. “Esse é o grande trabalho que a gente está fazendo na missão que vê na tecnologia um meio de promover o desenvolvimento da sociedade, de reprogramar alguns sistemas que estão se esgotando, como o educacional, o político, de saúde”.
A diretora citou, entre esses espaços, a escola, a biblioteca, os centros comunitários. “São espaços onde as microrrevoluções começam”. A tecnologia é empregada pelo CDI como mecanismo para mudar a lógica de funcionamento desses locais. Um dos programas é o TecEscola, resultado de parceria com a B2W Digital, líder em comércio eletrônico na América Latina, e a Secretaria estadual de Educação, que convida professores de 50 escolas da rede pública a inserir tecnologia no planejamento e na prática em sala de aula, a partir de plataformas virtuais cedidas pelo CDI. Com isso, cria-se uma comunidade de aprendizagem também entre professores, observou Elaine Pinheiro.
Nas bibliotecas, o CDI visa a estimular a dinamização do espaço com atividades interativas. “Que ela vire um local de criação, que as dinâmicas de leitura sejam permeadas por tecnologia e convidem aquela comunidade a se apropriar desse espaço que é dela”. O bibliotecário é apoiado pelo CDI com novas formas de apresentar a biblioteca, usando redes sociais e se aproximando da comunidade do entorno.
O Movimento Recode quer reprogramar sistemas, espaços e práticas da sociedade. “Ele é também um movimento pela reprogramação da sociedade, que convida os agentes de transformação para colocar a mudança em curso nos espaços citados”, destacou a diretora.
Os multiplicadores do CDI, que incluem professores, bibliotecários e educadores sociais, são embaixadores de um movimento para jovens de 14 a 29 anos, que farão parte de plataforma virtual, onde farão conteúdos, participarão de projetos e desafios, que poderão ser compartilhados com uma rede maior de mais jovens e parentes, inclusive de outros países. “O jovem é o público que a gente quer engajar, porque acredita no poder dele como recode”.
O movimento está sendo levado pelo CDI para outros países. Qualquer organização que utilize a tecnologia como oportunidade para reprogramar sua comunidade e transformar a realidade pode ser parceira do projeto. Elaine explicou que a ideia do CDI é criar uma legião que engaje outras organizações que usam tecnologia, para que elas se apropriem dos conteúdos, das plataformas e da dinâmica da ONG, de modo a promover na sociedade mais complementaridade. “Que ela seja mais orgânica e viral”. O CDI quer ser o facilitador das comunidades que aprendem, apoiando os jovens, por meio de sua metodologia, no desenvolvimento de competências socioemocionais, explorando soluções locais que possam ser exportadas para outros lugares.