As sucessivas altas do dólar, que na terça-feira, 22, ultrapassou os R$ 4, está  impactando setores do comércio que vendem produtos importados, desde lojas de aparelhos e brinquedos eletrônicos, alimentos e bebidas, até insumos utilizados na agricultura.

O reflexo da cotação elevada da moeda americana é o aumento nos preços dos produtos tanto para os comerciantes, como ao consumidor. Em uma loja de produtos importados em Dracena, a proprietária, Sara dos Santos Scarabelli, confirma que está mais difícil trabalhar.

A comerciante que faz compras de produtos importados em Ciudad Del Este, no Paraguai, para revendê-los na loja em Dracena, informa que as lojas no país vizinho estão praticamente vazias. “Os brasileiros estão comprando muito pouco e  os comerciantes paraguaios estão apreensivos”, explica.

A lojista afirma que as vendas estão paradas e cita o exemplo de um dos produtos mais procurados, o jogo de games, x-box, com controle remoto, que custava em Ciudad Del Eeste, R$ 864 e era vendido na loja a R$ 1,3 mil, parcelados em cinco vezes, passou a custar na terça-feira, 22, no Paraguai, R$ 1.302,00. “Tenho que comercializar a R$ 1,8 mil e isso torna a venda muito mais difícil”, esclarece Sara.

A empresária também reduziu  as viagens de compras no Paraguai e agora só está indo uma vez por mês. “Nunca vi isso em 30 anos que estou no ramo”, explica.

DIA DAS CRIANÇAS – Uma das datas que mais vendia produtos importados, de acordo com a lojista, é o Dia das Crianças, no dia 12 de outubro. “Tínhamos esperança que fosse melhorar, mas nessa última viagem que fiz na terça-feira, os produtos estão muito caros e consegui comprar somente brinquedos, acredito que quem costumava comprar produtos eletrônicos,  mais caros,  neste ano vai comprar presentes para as crianças, gastando a metade do que costumavam”, analisa.

As previsões para o Natal também não são otimistas, conforme a comerciante. “A tendência é piorar com o dólar nesta altura”, analisa Sara Santos que empregava  três funcionárias e hoje só possui uma.

SUPERMERCADOS – Nos supermercados, o impacto nos preços dos importados, ocorre principalmente em produtos como azeite, vinhos e peixes, principalmente o bacalhau.

AGRICULTURA – Esse setor também está sendo seriamente afetado pela alta do dólar, com o reajuste nos preços de matérias primas importadas para fabricação de adubos, defensivos agrícolas e inseticidas.

De acordo com o gerente de uma empresa que comercializa produtos agrícolas em Dracena, Thiago Sanches Ferrari, na região as áreas agrícolas mais atingidas são as culturas da cana-de-açúcar,  da uva e também pastagens, mesmo que os pastos não sejam reformados anualmente.

“Quem vai pagar no final será o produtor e o consumidor”, avalia o gerente. As culturas das hortaliças, também serão atingidas com a variação cambial, mas  a produção na região é pouca, porém  pode haver aumento nos produtos de hortaliças e legumes.

No entanto, o gerente  ressalta que além do câmbio que está elevando o valor do dólar, as empresas multinacionais aproveitam o momento para fazerem seus ajustes, elevando mais os preços.