A bebê Sofia Gonçalves de Lacerda, de um ano e oito meses, morreu na madrugada desta segunda-feira (14) em Miami, nos Estados Unidos. A informação foi confirmada pelo advogado da família, Miguel Navarro. A menina, que passou pelo transplante de cinco órgãos, teve uma parada cardíaca. Ela estava internada desde julho, por conta de um vírus contraído após o transplante multivisceral realizado em maio.
No fim de semana o quadro da menina piorou bastante e a mãe postou em uma rede social que apenas um milagre salvaria sua vida. Patrícia de Lacerda pediu neste domingo (13) em uma rede social para seus seguidores “intensificarem as orações” pela melhora da pequena. (Veja vídeo ao lado após transplante)
De acordo com post da mãe, os médicos que atendiam a menina perguntaram se a família queria que os aparelhos utilizados para manter a bebê viva fossem desligados, mas a resposta foi negativa.
Os médicos também explicaram que o quadro grave se dava por conta de uma infecção do pulmão, pois os órgãos transplantados – estômago, fígado, pâncreas, intestino delgado e intestino grosso – continuavam em bom estado. Internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Jackson Memorial Hospital, nos Estados Unidos (EUA), Sofia, portadora de uma doença rara, foi acometida por um vírus resistente, o Citomegalovirus, quando se recuperava de um transplante multivisceral – quase todo o aparelho digestivo foi trocado.
De acordo com o advogado da família, ainda não existe uma definição se o corpo de Sofia será velado no Brasil. “Não temos essa informação até por conta do vírus contraído após o transplante. Estamos vendo se existe a possibilidade de trazer para Votorantim ou se será cremada nos Estados Unidos”, explica. Segundo Navarro, caso Sofia seja trazida para o Brasil, a liberação do corpo só deve ocorrer em até cinco dias.
(Foto: Reprodução/ Internet)
Comoção
Após uma nota de falecimento publicada na página da campanha “Ajude a Sofia”, milhares de pessoas comentaram o caso e enviaram mensagens de apoio à família. Até as 10h02, a publicação no Facebook teve mais de 100 mil curtidas e 16 mil compartilhamentos. Entre os mais de 30 mil comentários, inúmeros internautas chamam a menina de “anjo”. “Meus sentimentos, o Brasil inteiro hoje está em luto, que o Senhor Deus possa confortar vocês. O céu hoje recebe mais um anjo. Linda Sofia, nossa guerreira que lutou até o fim vá em paz”, comentou uma internauta.
O nome da menina é também um dos assuntos mais comentados do Twitter e do Instagram. “Anjos não morrem, voltam para casa. A Sophia foi um anjo que Deus enviou para ensinar a milhões de pessoas muitas coisas boas. E anjos são assim, vem, cumprem sua missão e voltam”, disse outra internauta. A luta dos pais pela vida de Sofia também foi comentada e elogiada. “Obrigado, papais… Vocês nunca desistiram! Fizeram de tudo e por tudo. Essa princesa estará sempre em nossos corações”, comentou outro seguidor da página.
Entenda o caso
Devido à complexidade da síndrome de Berdon, os médicos estimaram, no dia do nascimento de Sofia, que ela não passaria de um ano de vida. Porém, a menina contrariou as expectativas da medicina e comemorou seu primeiro aniversário no dia 24 de dezembro de 2014. Desde que nasceu, no hospital da Universidade de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, Sofia nunca esteve na casa dos pais, que moram em Votorantim (SP). Ela passou pelo Hospital Samaritano, em Sorocaba (SP) e pelo Hospital das Clínicas de São Paulo.
Neste período, passou por três cirurgias, mas ainda necessitava de atendimento especializado para a síndrome rara e para o transplante multivisceral, que não era realizado no Brasil e tinha custo estimado de R$ 2 milhões.
A mãe começou então uma campanha na internet, chamada “Ajude a Sofia”, para arrecar fundos e levar a menina aos EUA. Ao todo, a família arrecadou R$ 1,8 milhão. Mas os pais continuaram brigando na Justiça para que o governo brasileiro pagasse o valor da cirurgia.
Após diversas questões judiciais, o desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF) determinou, em julho do ano passado, a transferência da menina para o Jackson Memorial Hospital, em Miami, especializado em transplante multivisceral.
Com relação ao dinheiro arrecadado, a intenção dos pais era de doar para outras crianças que, como a Sofia, precisavam de um tratamento caro. Mas quando a família chegou aos EUA, ficou sabendo que o governo brasileiro pagou apenas a cirurgia, um pacote de homecare e alguns medicamentos. “A partir daí passamos a precisar utilizar o dinheiro da campanha para as demais despesas do tratamento. A conta é monitorada pela Justiça”, afirma Patrícia.