No balanço do primeiro semestre, o número de novos contratos de estágio e aprendizagem, intermediados pelo CIEE, cresceu 4,5% em relação ao mesmo período do ano passado. A manutenção de índices positivos na oferta de vagas para capacitação dos jovens registrada mesmo em épocas de crise decorre de várias causas. Em tempos de aquecimento econômico, o crescimento faz-se necessário pelo imperativo de capacitar jovens para ocupar postos de trabalho, no intuito de vencer o gargalo de mão de obra qualificada. Já em tempos de dificuldades, as empresas têm noção de que crises são passageiras e que é inevitável ter quadros formados e adaptados para a inevitável retomada do desenvolvimento, que virá cedo ou tarde.
As organizações que abrem portas aos jovens para treinamento prático de estágio ou de aprendizagem também recebem incentivos da legislação. Mais do que uma iniciativa formadora de talentos, oferecer oportunidades para jovens inexperientes é ajudar na inserção desse imenso público no mercado de trabalho, dando-lhe orientação, chance de crescimento profissional e um futuro melhor. Nas nossas cidades, crescem as áreas de vulnerabilidade social, nas quais os jovens frequentemente convivem com males da urbanização caótica – educação sem qualidade, problemas de infraestrutura, más companhias, desocupação – o que pode levá-los a pequenos delitos e ao consumo de drogas. Contar com uma oportunidade de estágio ou aprendizagem pode ser um fator, portanto, de diminuição da violência.
Ao sentir-se útil, aprendendo uma profissão, gerando renda para si e para sua família, o jovem ganha maior responsabilidade. Enxerga que para combater as injustiças sociais é necessário mais estudo, treinamento e dedicação e que, só assim, terá pela frente um futuro mais condizente com suas aspirações. Por isso, o CIEE não cansa, há 51 anos, de buscar a inserção do jovem no mercado de trabalho por meio do estágio e da aprendizagem. Assim, quando a crise passar, teremos uma geração de profissionais capacitados para tocar a nação rumo ao desenvolvimento.
*presidente do Conselho de Administração do CIEE, presidente do Conselho Diretor do CIEE Nacional e presidente da Academia Paulista de História.