Há aproximadamente quatro anos, conversei com um sábio professor de Economia. Numa conversa profunda sobre a situação do Brasil, ele mostrou números, fundamentos econômicos e argumentos bastante razoáveis e concluiu com uma frase que até hoje ecoa em minha cabeça: “morar no exterior hoje é uma ótima ideia, daqui a cinco anos será necessário e daqui a dez, proibido”.

Nem o mais pessimista dos analistas, contudo, teria a capacidade de prever uma crise tão aguda quanto a que estamos vivendo atualmente. A chamada “tempestade perfeita” se concretizou quando ocorreu a soma de alguns fatores que – se isolados – já seriam suficientes para gerar um verdadeiro pesadelo social.
O primeiro desses fatores foi a completa falência de um sistema econômico obviamente fadado ao insucesso e que assim foi sentenciado desde o momento de seu lançamento. O obsessivo incentivo ao crédito para consumo não foi acompanhado nem do incentivo à melhoria de infraestrutura (terrivelmente obsoleta) nem da produção. A inflação e o endividamento eram resultados inevitáveis desse cenário.
O segundo foi a absoluta carência de liderança e estadistas. Nós simplesmente não temos líderes a altura da crise que vivemos, para lidar com ela de forma austera, serena, razoável e – principalmente – coerente. Um estadista pensa mais nos benefícios a longo prazo do que na próxima eleição e na perpetuação do poder.
O terceiro foi a crise política que se instalou no país. Os seis PMDB’s (não é mais possível chamar isso de um partido só) digladiam entre si e também com os quatro PT’s (idem). A Fundação Perseu Abramo (braço acadêmico do PT) criticou duramente as medidas de austeridade fiscais propostos pela presidente e pediu a volta do padrão econômico anterior, aquele mesmo que a presidente Dilma disse – com surpreendente honestidade perante a Assembleia Geral da ONU – ter se esgotado.
O quarto foi a escalada da violência no país. Qualquer manual de economia ou sociologia associa o desemprego com o aumento na violência urbana. Não se pode mais sair às ruas de cidades grandes ou pequenas de forma tranquila e feliz. Vinte homicídios numa noite em Osasco, nove homicídios noutra noite na sede de uma torcida organizada e nós vamos nos acostumando com o absurdo e com os números de uma guerra civil.
O quinto foi o aumento de impostos. Além de ressuscitar a CPMF, já houve aumento de diversas alíquotas e a redução de diversas isenções as quais não dependem do Congresso. Sufocados por ter de pagar por coisas que já paga com seu tributo (educação, saúde, segurança, estrutura), o cidadão brasileiro simplesmente não aguenta mais.
Nesse cenário todo, volta à minha mente a frase daquele professor e vemos a saída do país como uma solução viável e que pode trazer esperança e dignidade para nós e – principalmente – para nossos filhos. Como fazer isso de forma legal, planejada, estruturada e sustentável é o que discutiremos no evento “Doing Business with Central Florida”, organizado pela competente “CFBACC – Central Florida Brazilian American Chamber”.

* Mestre e doutor em Direito pela USP.