A avaliação de desempenho profissional e institucional é cada vez mais importante para todos que atuam no sistema superior de ensino do país. Não preciso de qualquer argumento científico para afirmar que a avaliação de desempenho institucional e profissional é uma empreitada ambiciosa não apenas pela intrínseca complexidade do que significa aferir excelência e mérito, mas principalmente pelo fato da dificuldade inerente aos indicadores de análise para a espécie humana.
É um assunto bastante vasto e extremamente intricado porque uma caracterização justa, pela busca incessante de maximização de desempenho das pessoas dentro de contextos muito distintos é muito discutida, não obstante os avanços metodológicos disponíveis.
A avaliação das universidades brasileiras não é uma novidade, mas só ganhou força na década de 1990, quando foi instituído o Programa de Avaliação das Universidades Brasileiras (PAIUB), implantado devido à necessidade de uma avaliação constante do sistema de ensino e pesquisa que abrangesse outros indicadores de avaliações ao processo, na tentativa de validar os esforços empenhados no sistema de ensino superior ainda tão heterogêneo no país. Hoje, o processo de avaliação adquiriu novos contornos e vem sendo feito pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), instituído pela Lei 10.861, de 14 de abril de 2004.
Os rankings de avaliação, especialmente os internacionais, são hoje instrumentos indutores dos rumos das universidades das sociedades do conhecimento e do papel que representam num contexto global complexo e de incertezas. Isso ocorre especialmente nos países em desenvolvimento, onde a educação, ciência, tecnologia e inovação são instrumentos valiosos de mudanças em direção à sustentabilidade e soberania das nações, que almejam um lugar no universo dos países centrais.
Uma leitura obrigatória sobre a importância da excelência universitária no processo de inovação das nações pode ser melhor entendida no livro de autoria do economista David S. Landes, da Universidade de Harvard “The Wealth and Poverty of Nations – Why Some Are So Rich and Some Are So Poor”, de 1998, que, mesmo lançado há 17 anos continua sendo uma leitura indispensável para acadêmicos e gestores universitários.
Quando pensamos especificamente em inovação, é necessário atuar em três frentes: a) gerenciamento de todas as atividades de proteção à propriedade industrial (patentes, desenhos industriais, marcas etc.) resultantes de pesquisas desenvolvidas na universidade; b) transferência de tecnologia e serviços científicos para outros setores; c) atividades de disseminação da cultura da inovação e empreendedorismo para docentes, pesquisadores e estudantes.
A inovação já é um critério de classificação importante em todos os rankings das destacadas “universidades de classe mundial”. Dessa forma, indicadores numéricos de avaliação vão muito além da quantidade e qualidade de publicações em periódicos indexados, mas também passam pelo número e qualidades de patentes depositadas no país e no exterior, e pela transferência de tecnologia.
Para se destacar na inovação da universidade, é preciso realizar um trabalho robusto para aproximação universidade/empresa e na disseminação de uma cultura de inovação e empreendedorismo entre os estudantes de graduação e de pós-graduação de todas as áreas do conhecimento. Ações como rodadas de negócios, olimpíadas, fóruns de empreendedorismo e cursos são ações essenciais para que as universidades brasileiras sejam incluídas nas ditas universidades de classe mundial, com Agências de Inovação internas fortes e consolidadas.
*professora titular do Instituto de Química da Unesp de Araraquara e diretora da Agência Unesp de Inovação.