O apresentador, ator e produtor musical Luiz Carlos Miele foi encontrado morto na manhã desta quarta-feira (14) em sua casa em São Conrado, Zona Sul do Rio de Janeiro. A mulher dele foi quem percebeu que ele havia morrido, após tentar acordá-lo. 

Amigo de Miele há quase 50 anos, Ronaldo Câmara foi até a casa do apresentador quando soube da morte. “Ele se deitou para dormir e não acordou. Ele estava bem de saúde, ótimo, cheio de planos”, disse ele, que recebeu os médicos na residência. A causa da morte ainda não foi informada. 
 
Artista de múltiplos talentos, Miele trabalhou com música, televisão, humor, teatro. Na televisão, um dos seus últimos trabalhos foi em “Geração Brasil”, no papel de Jack Parker, em 2014. No mesmo ano, participou da competição Dança dos Famosos, no “Domingão do Faustão” e da minissérie “A Teia”, como o ex-senador Walter Gama. Em 2015, fez uma participação na novela “Boogie Oogie” como ex-gerente da boate Vogue.
 

Em setembro deste ano, o apresentador disse ao UOL que sentia saudades de trabalhar na TV. “Eu acordo com saudade, estou desde a inauguração da TV. Sinto-me muito deslocado fora da TV, mas tudo tem seu momento na carreira. É preciso saber administrar e não se desesperar. A cada dia espero ser chamado para alguma coisa nova na TV. Se alguém da televisão me ligar, eu digo ‘é só me dizer a hora e a roupa'”, afirmou.

“Showman”
Miele nasceu em 1938 em São Paulo, onde começou a carreira como locutor das rádios Excelsior, Tupi e Nacional. Em 1959, mudou-se para o Rio, onde conheceu o compositor Ronaldo Bôscoli, com quem formou a dupla Miele & Bôscoli, responsável pela pela direção e produção de diversos espetáculos. 

Atuante na bossa nova, foi um dos criadores do modelo de apresentação “banquinho e violão”. Como produtor, trabalhou com artistas como Roberto Carlos, Wilson Simonal, Agnaldo Timóteo e Alcione. 

O “showman”, como era chamado, começou a trabalhar na TV há mais de 60 anos. Em entrevista recente ao UOL, ele lembrou o início da carreira: “A TV tem 65 anos e eu estou nela há 66 [risos]. Eu estava na rádio Tupi quando chegou a televisão no Brasil. Lembro-me que um diretor falou, em uma das primeiras transmissões ao vivo, manda esse garoto parar de passar na frente da câmera. Eu era o garoto e passei na frente da câmera de calça curta. Daí alguém falou, ‘a TV brasileira dá os primeiros passos’. E os primeiros passos da TV foram as minhas pernas”, lembrou. 

Entre 1976 e 1979, apresentou “A Praça da Alegria”, na Rede Globo, substituindo Manuel de Nóbrega, que morreu em 1976. O programa tinha a participação de Ronald Golias.
 
Na televisão também fez produção e direção musical de “Se Meu Apartamento Falasse”, com Cyl Farney e Odete Lara, “Fantástico” (direção musical), “Elis Especial”, “Praça da Alegria”, “Viva Marília” e “Batalha dos Astros”.
 
Buscando sempre se reinventar na carreira artística, Miele dizia ter um arrependimento na vida: o programa “Cocktail”, exibido no SBT entre 1991 e 1992. “Isso foi um mau passo da minha carreira. Aquilo era muito ruim. Eu fiz, mas não que eu tenha gostado”, disse em entrevista ao UOL.
 
Em 1999, Miele assinou a direção do espetáculo “Vivendo Vinícius”, com Carlos Lyra, Toquinho, Miúcha e Baden Powell. No mesmo ano, passou a exercer a função de diretor de projetos especiais na Casa de Cultura da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, onde produziu vários espetáculos, como “Um brasileiro chamado Jobim”, com Roberto Menescal e Danilo Caymmi, “Minhas duas estrelas – Pery Ribeiro canta e conta – Dalva de Oliveira e Herivelto Martins” e “Essa Bahia chamada Caymmi”, com Nana Caymmi, Dori Caymmi e Danilo Caymmi”.