As mudanças climáticas deixaram de ser uma ameaça apenas ao futuro do planeta. É uma emergência do hoje e exige ações imediatas. Mas até que ponto nos esforçamos para reduzir os danos, nos âmbitos pessoal, empresarial e governamental?
Não ouvir a natureza tem um alto custo para a humanidade. Na opinião de 95% da população brasileira, segundo pesquisa do Datafolha realizada este ano, os impactos das mudanças climáticas já estão sendo sentidos principalmente na crise de água e energia. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), com pesquisadores do mundo todo, afirma que as mudanças sentidas pela sociedade são consequência de atividades humanas causadas por emissões da queima de combustíveis fósseis, agricultura e processos relacionados a desmatamento e mudanças no uso do solo.
O estudo da Datafolha aponta ainda que cerca de 82% das 100 maiores empresas do país adotam ações de mitigação ou de adaptação às mudanças climáticas, que vão desde soluções para reduzir o consumo de água e energia (apontado por 40% das empresas) a ações para redução de poluentes (23%) e campanhas de educação e conscientização (12%). Dá para melhorar. O papel das empresas na redução do uso de recursos é fundamental.
Importante: o Brasil merece destaque na defesa ambiental. É uma das nações referência nas negociações ambientais desde 1992. Reduzimos as emissões de gases no meio ambiente, principalmente com o combate ao desmatamento. Mas há muito a avançar. A começar pelo fortalecimento de políticas públicas.
No primeiro semestre deste ano, a presidente Dilma Rousseff e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciaram compromisso dos dois países para combater as mudanças climáticas. O texto apresentado foi criticado pela falta de ambição. O Brasil não estabeleceu sua meta de redução de emissões de gases de efeito estufa. Já Obama manteve o discurso dos últimos meses e reiterou a promessa de reduzir em 28% as emissões. As projeções americanas – um dos países líderes na emissão destes gases – surpreendem, mas não são suficientes para evitar um aumento de 2ºC na média de temperatura do planeta.
A próxima Conferência do Clima, que reunirá cientistas, ambientalistas, políticos e empresários em dezembro, em Paris, e será amplamente debatida em Seminário Lide Sustentabilidade, é essencial para a união de esforços globais pela sustentabilidade da Terra. A esperança é que de lá saia um acordo estratégico e factível para a redução de emissões de carbono – e deverá impactar na maneira de como iremos realizar muitas atividades no futuro, desde a produção de automóveis até a de roupas, passando por alimentos e pela maneira como construímos as casas em que vivemos.
É hora de mudar de postura. Enfrentar a realidade das mudanças ambientais e empreender esforços para a preservação dos biomas é a única maneira de garantir um planeta saudável para as próximas gerações. E este deve ser um compromisso de todos nós, hoje.
*jornalista, empresário e presidente do Conselho Executivo do LIDE – Grupo de Líderes Empresariais.