Ultimamente, o Brasil lembra aqueles barcos que estão fazendo água. Ali, o que acontecer com um passageiro, acontecerá também com todos os outros. Porém, muitos se acham acima de qualquer perigo e creem que as boias de salvamento, que não chegam para todos os passageiros, no mínimo, serão resguardadas para eles. Muitos morrerão afogados, mas eles não.
A situação política e econômica do país está muito delicada. O governo, vendo a possibilidade de um futuro promissor e farto, aumentou os programas sociais como bolsa-família, fies, minha casa-minha vida, minha casa melhor, ciência sem fronteira, e outros. O dinheiro parecia certo com o pré-sal bancando despesas. O petróleo atingia 90 dólares o barril. Os compradores de nossa produção agrícola e industrial levando tudo que era produzido aqui e outras perspectivas positivas que se viam no horizonte. Tudo deu errado, o preço do petróleo caiu a níveis inferiores a 40 dólares e os países compradores estão em recessão.
Essa foi a tal 3ª onda que atingiu os BRICS (Brasil, Rússia,Índia, China e África do Sul). No Brasil, essa foi a oportunidade que alguns setores da oposição ao governo e de um bando de oportunistas viram para enfraquecer o governo, tirar vantagens, mesmo que o barco-Brasil vá a pique. Acreditam que, mesmo com um naufrágio assim, espetacular, eles sairão ilesos porque se agarrarão às boias existentes. Porém, eles sabem que não haverá boias para todo mundo. Mas, para esse pessoal, se eles conseguirem se salvar, os outros passageiros podem morrer afogados. Ali, o que lhes interessa será apenas seu capricho e sua segurança. Os outros são os outros.
A presidente deveria ter tido uma previsão mais realista da possibilidade de as coisas não saírem como o planejado. Esse foi seu erro. Agora vive as consequências dessa imprevisão e corre o risco de ser derrubada pelo Congresso, que já não se sacia com cargos. Do outro lado, os partidos de oposição apostam na despolitização, num discurso de ética cínico que preserva o presidente da Câmara, um notório malandro, para tentar derrotar o governo. É a síndrome da moralidade seletiva.
Segundo declarações do ex-presidente, FHC, em seu novo livro “Diários da Presidência” esse presidente da Câmara, Eduardo Cunha, nunca foi uma pessoa confiável e, por isso, em seu governo, negou-lhe o pedido para ser diretor comercial da Petrobrás. Buscava por cargos que lhe proporcionassem vantagens financeiras, cujo montante de seus lucros acabaram sendo depositados em Bancos na Suíça. Foi eleito com os votos da oposição e, quando a situação econômica do país começou a dar mostras de dificuldades, arregimentou seus aliados e passou a atrapalhar todos os planos de recuperação econômica.
Isso tudo é proporcionado por esse modelo de democracia instalado no país, o tal governo de coalizão, em que o poder executivo depende do poder legislativo para governar. Assim, o governo tem que fatiar a administração, colocando os partidos que lhe dão sustentação em cargos pleiteados por eles. Porém, muitos não querem os cargos para auxiliar a administração, mas para auferirem enormes lucros para si e para seus asseclas.
Com isso, o governo que seria de coalizão transformou-se em governo de extorsão, transformando os diversos ministérios em feudos de alguns partidos. Desta forma, o governo está enfrentado uma crise econômica e pior, uma crise política com o intuito de grupos tomarem o poder, contrariando qualquer item de democracia. Para esses grupos não importa se a população terá prejuízos e perderá a segurança conseguida a duras penas. Eles se acham seguros e confiam no “quanto pior, melhor”. Têm certeza de que nenhuma dificuldade os alcançará e a desgraça do povo não os comove.
Se tivessem um pouco de amor à Pátria e respeito pelos seus conterrâneos e eleitores, procurariam auxiliar o governo, neste momento delicado e não empurrá-lo para o mar, sabendo que muita gente perecerá também. Não haverá boia para todo mundo, mas esse pessoal tem certeza que suas boias estão garantidas.
Até quarta-feira
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-Dracena –