O Brasil supera a média mundial no consumo de álcool, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os adultos brasileiros bebem em média 8,7 litros de álcool puro por ano. No período de festas de confraternização e férias o consumo tende aumentar, alerta o cardiologista Francisco Antonio Helfenstein Fonseca, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP). “Chegam as festas de final de ano e as pessoas deixam de lado os cuidados com a dieta para consumir desenfreadamente bebidas alcoólicas e alimentos gordurosos. As vezes esse consumo torna-se habitual e acaba por ser nocivo a saúde”, aponta o médico.
Segundo o cardiologista, esse descontrole pode causar doenças graves. Por exemplo, uma pessoa que está com nível alto de triglicérides – que é um gordura do sangue – e come ou bebe álcool excessivamente, terá valores muito aumentados desses triglicérides pela aporte energético. Isso pode causar problemas graves, como inflamação no pâncreas, elevação da pressão arterial que desencadeia doenças cardiovasculares, entre outras doenças graves.
No Brasil a exposição ao álcool começa ainda na escola, é o que aponta Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 66,6% dos estudantes entrevistados do 9º ano já haviam experimentado álcool alguma vez na vida, e 21,8% desses alunos disseram que haviam se embriagado pelo menos uma vez na vida. “O consumo exagerado de álcool pode causar principalmente o aumento da pressão arterial. Vale ressaltar que, em consumidores regulares de grandes quantidades de álcool, o etanol pode apresentar efeitos tóxicos direto no músculo cardíaco (miocárdio) e com o tempo ocasionar uma miocardiopatia alcoólica dilatada”, adverte o doutor Francisco.
“A recomendação é escolher os alimentos que serão preparados para a ceia e não exagerar no consumo de álcool. Os produtos como proteínas processadas (salsicha, linguiça, bacon e presunto), que concentram grandes quantidades de sódio, provocam liberação de alguns hormônios que causam a retenção de líquidos. Isso faz aumentar a pressão sanguínea, sobrecarregando os rins e o coração” – afirma.

Fatores de risco
Bebida alcoólica – O consumo excessivo de álcool pode ser danoso à saúde do coração e está relacionado ao desenvolvimento de hipertensão, alteração no ritmo do coração e aumento de peso.
Colesterol elevado – Substância gordurosa importante para vários processos orgânicos, entre eles, a formação das células, a produção de hormônios, de vitamina D e de ácidos que ajudam a digerir as gorduras. O problema é que o ser humano necessita apenas de uma pequena quantidade de colesterol no sangue, produzida quase que totalmente pelo fígado. O excedente acaba se acumulando nas paredes das artérias, aumentando o risco de problemas cardiovasculares, como infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral
Diabetes – Caracterizada pela elevação do açúcar no sangue, o que acarreta prejuízos sérios ao organismo. A maioria dos alimentos que ingerimos é transformada em glicose ou açúcar, utilizado como fonte de energia pelo nosso organismo. A insulina, produzida pelo pâncreas, é o hormônio responsável pela entrada de glicose nas células, que será utilizada como fonte de energia. Histórico familiar de diabetes pode aumentar significativamente o risco de desenvolvera doença. Diabetes não tratado pode levar a cegueira, doenças renais, doenças nervosas, amputações de membros e as doenças cardiovasculares. É importante fator de risco para o acidente vascular cerebral e doenças coronárias, incluindo o infarto agudo do miocárdio.
Estresse excessivo – Consequência do ritmo da vida moderna, o estresse é inevitável e é preciso aprender a conviver porque também está relacionado ao aumento do risco cardíaco.
Etnia – Existem fatores de risco não evitáveis, controláveis ou tratáveis, como a etnia. Certos grupos étnicos têm maior risco para desenvolver doenças cardiovasculares.
Hipertensão – A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) ou Pressão Alta (PA), sozinha, é a principal causa de doenças do coração, dos rins, de Acidente Vascular Cerebral, de comprometimento das artérias e dos olhos, além de matar mais que doenças como câncer e até mesmo a AIDS.
História familiar – Se familiares próximos, como pais e irmãos, têm ou tiveram problemas do coração, as pessoas têm mais chances de desenvolver as mesmas doenças. Este é mais um fator de risco não evitável, controlável ou tratável, mas serve de alerta para os membros da família.
Idade – Com o envelhecimento, aumentam os problemas que afetam a saúde do coração e, consequentemente, os riscos de desenvolver doenças também aumentam. Outro fator de risco não evitável, controlável ou tratável, mas serve de alerta para os membros da família.
Obesidade – Doença crônica que engloba fatores sociais, comportamentais, ambientais, culturais, psicológicos, metabólicos e genéticos. Caracteriza-se pelo acúmulo de gordura corporal, que pode ser causado pelo excesso de consumo de calorias e/ou sedentarismo. O sobrepeso e a obesidade contribuem de forma importante para o desenvolvimento de doenças crônicas, como as cardíacas, e outras.
Sedentarismo – A falta de atividade física é importante fator de risco para as doenças cardiovasculares. O sedentarismo contribui para o desenvolvimento de hipertensão arterial, obesidade, diabetes, colesterol elevado e outras doenças.
Tabagismo – A maior causa evitável de mortes no mundo é o tabagismo. Os fumantes têm o risco de morte súbita até quatro vezes maior do que não fumantes. O vício do cigarro aumenta as chances de ter infarto do miocárdio, Acidente Vascular Cerebral, conhecido como derrame, angina e outras doenças, como câncer.
Fonte: SOCESP – SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO