O Relatório de Desenvolvimento Humano do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) divulgado nesta segunda-feira (14) mostra o Brasil na 75º colocação no ranking do IDH, entre 188 países, com índice de 0,755, acima da média da América Latina (0,748) e considerado alto. É o 13º melhor índice entre os latino-americanos.
Mas, se a desigualdade social for levada em conta, o país perde cerca de um quarto do seu IDH e acaba tendo desempenho pior que seus vizinhos na América Latina.
Isso porque, segundo o Pnud, o IDH é apenas uma média e não ilustra claramente a desigualdade na distribuição do desenvolvimento humano. O fato motivou a elaboração de outro índice, o IDH-D (IDH Ajustado à Desigualdade). Ele leva em conta a desigualdade humana em três dimensões (renda, educação e expectativa de vida).
No IDH-D, o Brasil fica com 0,557, perdendo 26,3% de seu IDH, com um coeficiente de desigualdade humana de 25,6%. O país se posiciona abaixo da média da América Latina nestes quesitos — a região tem média de 0,570 no IDH-D, coeficiente de desigualdade de 23,2% e 23,7% de perda total do IDH.
Peru (84º no ranking mundial do IDH), Equador (88º) e Jamaica (99º), por exemplo, aparecem abaixo do Brasil na lista base, mas sofrem perdas menores e superariam o país no IDH-D com índices de 0,563%, 0,570% e 0,593%, respectivamente. Não existe um ranking mundial levando em conta o IDH-D porque, de acordo com o Pnud, parte dos países não têm dados suficientes para elaborar esse índice.
Entre os países considerados com alto nível de IDH (grupo no qual está o Brasil), a média do IDH-D fica em 0,600, relativamente acima do índice brasileiro, com perda média de 19,4%.
A Noruega, líder do ranking do IDH com índice de 0,944, também possui o melhor IDH-D do mundo (0,893), perdendo apenas 5,4% de seu índice original.
Renda desigual derruba IDH-D do Brasil
Nos três quesitos levados em conta no IDH-D, a renda desigual entre a população, com 38% de perda, é o item que mais derruba o índice brasileiro – a desigualdade na educação e expectativa de vida têm perdas de 23,2% e 14,5%, respectivamente.
Os 10 melhores IDHs do mundo
1. Noruega (0,944)
2. Austrália (0,935)
3. Suíça (0,930)
4. Dinamarca (0,923)
5. Holanda (0,922)
6. Alemanha (0,916)
7. Irlanda (0,916)
8. EUA (0,915)
9. Canadá (0,913)
10. Nova Zelândia (0,913)
Os 15 melhores IDHs da América Latina
1. Argentina (40º no ranking mundial, 0,836)
2. Chile (42º, 0,832)
3. Uruguai (52º, 0,793)
4. Bahamas (55º, 0,790)
5. Barbados (57º, 0,785)
6. Antígua e Barbuda (58º, 783)
7. Panamá (60º, 0,780)
8. Trinidad e Tobago (64º, 0,772)
9. Cuba (67º, 0,769)
10. Costa Rica (69º, 0,766)
11. Venezuela (71º, 0,762)
12. México (74º, 0,756)
13. Brasil (75º, 0,755)
14. Peru (84º, 0,734)
15. Equador (88º, 0,732)
Ranking superior em relação ao ano passado não significa melhora
No relatório divulgado em 2014, o Brasil apareceu em 79º no ranking do IDH. As quatro posições a mais em 2015, no entanto, não significam que o país ultrapassou países na lista de um ano para outro. A mudança ocorreu porque o Pnud realizou revisões de dados e metodologia.
No ranking “corrigido” do ano passado, o Brasil fica em 74º, com IDH de 0,752. Em relação ao último relatório, o país caiu uma posição porque perdeu o empate técnico com Sri Lanka, que chegou ao 73º lugar e deixou para trás também o México. Tendo como base os dados revisados, o Brasil evoluiu de 0,752 para 0,755 em um ano, uma oscilação considerada insignificante pelo Pnud.
Desigualdade de gênero no Brasil
Outro índice elaborado pelo Pnud que deixa o Brasil em desvantagem na comparação com outros países da América Latina é o de desigualdade de gênero – o brasileiro é 0,457, contra 0,415 das nações da região e 0,310 entre os países de IDH alto. O melhor índice é o da Eslovênia, com 0,016.
Esse índice, ao contrário do IDH-D, possui um ranking próprio, onde o Brasil fica apenas na 97ª posição entre os 155 listados. Peru (índice de 0,406), Equador (0,407), Belize (0,426), El Salvador (0,427), Colômbia (0,429), Jamaica (0,430), Bolívia (0,444) e Nicarágua (0,449) são países que aparecem atrás do Brasil no ranking mundial do IDH e possuem menor desigualdade de gênero, por exemplo.
O principal problema do Brasil nesse quesito é o baixo número de assentos ocupados por mulheres no Congresso Nacional – 9,6%, levando em conta os dados de 2014, sendo que a América Latina possui, em média, 27,0%.
Nos outros itens avaliados (índice de mortalidade materna, taxa de fecundidade entre as adolescentes, população com ao menos um ano de ensino secundário e taxa de participação da força de trabalho), o país tem desempenho equivalente ou até melhor em relação aos outros países da América Latina.