Os avanços tecnológicos da última década e a entrada definitiva na era digital, por incrível que pareça, ainda estão distantes das escolas da rede pública. Apenas em 36% delas o aluno tem acesso à internet, ficando bem abaixo de índices de países desenvolvidos como o Reino Unido (88%) e a Dinamarca (80%). E, das escolas que possuem esse acesso, apenas 19% contam com conexão superior a dois mega de velocidade. Os números são do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação, que pesquisou 2,2 mil crianças e adolescentes de 9 a 17 anos.
De acordo com levantamento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no Brasil a média é de um computador para 22 alunos, bem distante da média dos 46 países pesquisados, em torno de cinco estudantes por aparelho. E, nas escolas em que há acesso ao mundo digital, não significa que o uso educacional é bem realizado, já que a maioria dos professores não tem preparo e conhecimentos suficientes para trabalhar com essas ferramentas em sala de aula.
Os dados mostram uma situação preocupante que tem impactos na formação escolar do estudante. Em um mundo em que a internet é um canal fundamental de informação, a educação deficiente traz problemas para a qualificação dos jovens com vistas ao exigente mercado de trabalho. Estudantes que não dominam ferramentas básicas como Word, Excel e Power Point já encontram dificuldades nos processos seletivos.
A deficiência tecnológica também acarreta problemas para o desenvolvimento econômico. Cada vez mais as empresas dependem de suas áreas de tecnologia da informação, mas nem sempre encontram profissionais capacitados para realizar determinadas funções. Enquanto isso, no acirramento competitivo entre as nações, as mais desenvolvidas dão saltos de qualidade e os brasileiros, passos para trás.
Preocupado com a carência tecnológica de nossos jovens, que são curiosos e têm facilidade em usar a internet nos smartphones, principalmente para acesso às redes sociais, o CIEE promove uma série de cursos no laboratório de informática, na sede no Itaim Bibi, e também pela internet, na gama de cursos de educação à distância oferecidos gratuitamente no portal CIEE (www.ciee.org.br). Pela internet, os estudantes têm acesso às aulas do pacote Office que abrange Excel, Word, Power Point, Access e Outlook. Nos cursos à distância, ainda há aulas de Flash 1 e 2, Flash para jogos, Fundamentos de rede 1 e 2 e Excel avançado.
A tecnologia é um instrumento que deve servir de apoio para os estudantes como uma ferramenta para facilitar o aprendizado. Contudo, não adianta apenas disponibilizar máquinas sem que haja um planejamento didático claro com escopo definido. Só assim, os alunos poderão se beneficiar efetivamente das facilidades da era digital.
*presidente do Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da Academia Paulista de História (APH).